Um contundente manifesto contra a destruição da natureza

Por Emanuel Neri, em São Paulo

São Paulo está com uma exposição que é impactante em todos os sentidos. Trata-se da mostra Krajcberg – o Homem e a Natureza, no Museu AfroBrasil, no Parque do Ibirapuera, que é uma homenagem ao Ano Internacional das Florestas. A exposição, com curadoria do museólogo Emanoel Araújo, conta com 31 obras, entre enormes esculturas, fotografias e outras manifestações artísticas deste genial artista polonês de 90 anos. Frans Krajcberg faz da sua arte um contundente manifesto contra a destruição da natureza. Sua obra tem como matéria prima raízes e troncos de árvores que são restos de desmatamentos e queimadas que ocorrem por todo o Brasil.

A arte de Krajcberg é tão dramática quanto a sua história. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), toda a sua família foi morta pelos nazistas em câmaras de gás, na Polônia. Em 1948, mudou-se para o Brasil, morou em várias cidades, e em 1972 passou a viver em Nova Viçosa, no litoral sul da Bahia. Krajcberg está constantemente viajando pela Amazônia e outros Estados do Norte e Centro-Oeste do país, fotografando e resgatando troncos calcinados e raízes gigantes de árvores que foram desmatadas. Traz tudo para a Bahia, onde faz suas esculturas, que viajam pelos museus do Brasil e das principais cidades do mundo.

As obras de Krajcberg, valiosíssimas, são mais que chocantes. É impossível não se indignar nesta exposição contra a destruição da natureza. Por este motivo, suas esculturas têm enorme apelo, tanto no Brasil como no exterior. Na última sexta-feira (12/8), a mostra, que vai até 6 de novembro, era a mais visitada –por brasileiros e estrangeiros - no interessante museu AfroBrasil –localizado num prédio histórico do arquiteto Oscar Nyemeyer, erguido entre imensas árvores do Ibirapuera, que os paulistanos chamam de “pulmão verde” de São Paulo. Isso fazia com que a exposição de Krajcberg ganhasse contornos ainda mais dramáticos. Eram imensos troncos e raízes queimados em meio a uma paisagem verdíssima.  Um contraste e tanto!

Quem vier a São Paulo neste período, não pode deixar de ver esta importante exposição.