Por Emanuel Neri
Passada a eleição para prefeito de São Miguel do Gostoso, este blog faz uma análise política sobre o resultado do pleito. E, especialmente, sobre quem sai fortalecido ou enfraquecido das urnas de 15 de novembro.
O noBalacobaco conversou com algumas pessoas que acompanham a política de São Miguel do Gostoso, sem necessariamente estarem envolvidas com a campanha. Esta avaliação – sobre quem sobe e quem desce com a eleição – faz parte destas conversas.
Vamos a estas avaliações
Quem sair fortalecido
1)Renato de Doquinha. Obviamente, o principal fortalecido é o prefeito reeleito Renato de Doquinha. Mas, proporcionalmente, Renato perdeu espaço entre sua eleição, em 2016, e sua reeleição, em 2020. Basta comparar os dois resultados- ambos com vitória sobre Miguel Teixeira, com a diferença de 2016 sendo maior. Sinal de que a administração de Renato perdeu apoio do eleitorado. Em 2016, Renato obteve 3.604 votos (53,18%), enquanto este ano conseguiu 3.396 votos (47,45%). Perdeu votos, portanto. Mas o que vale é que Renato ganhou a eleição, e isso é o que conta. Vai administrar São Miguel do Gostoso por mais quatro anos. Espera-se que cumpra os compromissos de campanha, especialmente em relação à melhoria de qualidade de vida da população e ao crescimento do turismo.
2)Azenate Câmara. O atual vice-prefeito foi o vereador mais votado, com 609 votos. Tem pretensões de ser presidente da Câmara e é um nome que sai fortalecido para uma eventual disputa pela Prefeitura, em 2024. Azenate será peça importante de Renato não só na Câmara, mas também na condução de projetos para o desenvolvimento de São Miguel do Gostoso, em especial os do turismo e do setor imobiliário.
3)Jean dos Morros. Foi a primeira vez que concorreu a um cargo na Câmara e obteve uma boa votação, 511 votos, sendo o segundo mais votado. Aliado a Miguel Teixeira, será o nome mais forte da oposição na Câmara Municipal.
4)João Wilson Neri. O ex-prefeito ganhou mais uma
vez. Prefeito por dois mandatos em São Miguel do Gostoso, João nunca perdeu uma
eleição no município. Foi eleito duas vezes, apoiou Miguel Teixeira, seu primo,
que também se elegeu, por dois mandatos, depois apoiou Fátima Dantas, sua
mulher, também eleita prefeita. Miguel e João romperam depois e ele apoiou as
duas últimas campanhas de Renato, ajudando a derrotar Miguel. Seu apoio tem
importante peso na balança eleitoral do município. Como há certo equilíbrio atualmente
entre Renato e Miguel, o apoio de João, que ainda goza de liderança em parte do
eleitorado, tem sido decisivo para dar a vitória a quem ele apoia, como no caso de
Renato. Uma dúvida: será que João vai preferir apoiar alguém da sua família para 2024?Muita gente já falou no nome do seu filho, David Neri.
5) Aliança com o PT. Em aliança com Renato, o PT elegeu o vice-prefeito, João Eudes. Mas, em eleições anteriores, o PT demonstrou mais força, com votação para vereador bem maior do que a obtida agora. Seus dois candidatos a prefeito obtiveram, juntos, 167 votos. Muito pouco. E Renato perdeu na Tabua, terra do vice-prefeito João Eudes. Mas a aliança é importante pelo fato de abrir as portas da administração local com o governo estadual, dirigido por Fátima Bezerra (PT).
6) Francisco dos Anjos, o Tiquinho. Mesmo sem apoio logístico e financeiro de seu partido, o MDB, Tiquinho obteve uma razoável votação, 692 votos, quase 10% do total de votos válidos. Tinha potencial para mais de mil votos, mas, de última hora, perdeu eleitores para o chamado “voto útil” – eleitores que migraram para um dos dois principais candidatos com o objetivo de contribuir para a derrota do outro. Tiquinho obteve quase o dobro de votos do que o total dos candidatos a vereador pelo seu partido, que obtiveram, todos eles, 360 votos. Sinal de que eleitores votaram em vereadores de outros partidos, mas, para prefeito, escolheram Tiquinho. Com seu bom desempenho, Tiquinho pode viabilizar melhor seu nome para a eleição de 2024.
Quem sai enfraquecido
1)Miguel Teixeira perde
a segunda eleição consecutiva. Sai da eleição desgastado, mas demonstrou ter
potencial de votos para continuar disputando a Prefeitura local. A diferença de
votos entre ele e Renato foi pequena, 381 votos, pouco mais de 5% do total
de votos válidos, e menor do que em 2016. Elegeu 4 dos 5 vereadores da Câmara
Municipal, o que significa que terá peso na fiscalização dos atos do
prefeito eleito. Mas, mesmo com mais uma derrota, Miguel pode disputar a eleição de 2024, com alguma chance de vitória.
2)Bancada feminina na Câmara. Lamentavelmente
não existe uma única mulher na nova legislatura da Câmara Municipal. Em 2016,
foram eleitas três vereadoras: Clésia,
Dona Letinha e Micarla Catarina. As duas primeiras não concorreram à reeleição.
Micarla foi bem votada, obteve 372 votos, mas não se reelegeu devido ao quociente eleitoral. Os três últimos vereadores eleitos
(Nenen dos Morros, Beto de Agostinho e Ednaldo Coutinho) tiveram menos votos do
que Micarla, mas foram beneficiados pela soma do total de votos dos demais candidatos de
seus partidos. Micarla desempenhou um bom mandato. Pena ter ficado de fora nesta eleição.
Outra perda significativa foi a de Nenê de Lala, que ficou na segunda
suplência. Comprometida com a cidade, Nenê seria um ótimo reforço feminino na Câmara. Havia outros bons nomes femininos disputando a eleição. Como Seissa Modesto, Cibele Ambrósio, Professora Dumont e Rejane Araújo. Mas ninguém se elegeu. Lamentável.
3)Jubenick Pereira. Candidato do Solidariedade, Jubenick obteve apenas 54 votos, não chegando a 1% do total válido de votos. Muito pouco para um ex-vereador (pelo PT, mas que trocou depois de partido) e ex-candidato a deputado estadual, quando obteve boa votação. Jubenick sai desta disputa bastante enfraquecido. Muitos vereadores que não se elegeram, inclusive de seu partido (como Seissa Modesto), tiveram mais votos do que ele.