quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Com a reeleição de Renato, veja quem sai fortalecido ou enfraquecido das urnas de 15 de novembro. E quem tem chance de disputar a Prefeitura em 2024?

 

Por Emanuel Neri

Passada a eleição para prefeito de São Miguel do Gostoso, este blog faz uma análise política sobre o resultado do pleito. E, especialmente, sobre quem sai fortalecido ou enfraquecido das urnas de 15 de novembro.

O noBalacobaco conversou com algumas pessoas que acompanham a política de São Miguel do Gostoso, sem necessariamente estarem envolvidas com a campanha. Esta avaliação – sobre quem sobe e quem desce com a eleição – faz parte destas conversas. 

Vamos a estas avaliações

Quem sair fortalecido

1)Renato de Doquinha. Obviamente, o principal fortalecido é o prefeito reeleito Renato de Doquinha. Mas, proporcionalmente, Renato perdeu espaço entre sua eleição, em 2016, e sua reeleição, em 2020.  Basta comparar os dois resultados- ambos com vitória sobre Miguel Teixeira, com a diferença de 2016 sendo maior. Sinal de que a administração de Renato perdeu apoio do eleitorado. Em 2016, Renato obteve 3.604 votos (53,18%), enquanto este ano conseguiu 3.396 votos (47,45%). Perdeu votos, portanto. Mas o que vale é que Renato ganhou a eleição, e isso é o que conta. Vai administrar São Miguel do Gostoso por mais quatro anos. Espera-se que cumpra os compromissos de campanha, especialmente em relação à melhoria de qualidade de vida da população e ao crescimento do turismo.

2)Azenate Câmara. O atual vice-prefeito foi o vereador mais votado, com 609 votos. Tem pretensões de ser presidente da Câmara e é um nome que sai fortalecido para uma eventual disputa pela Prefeitura, em 2024. Azenate será peça importante de Renato não só na Câmara, mas também na condução de projetos para o desenvolvimento de São Miguel do Gostoso, em especial os do turismo e do setor imobiliário.

3)Jean dos Morros. Foi a primeira vez que concorreu a um cargo na Câmara e obteve uma boa votação, 511 votos, sendo o segundo mais votado. Aliado a Miguel Teixeira, será o nome mais forte da oposição na Câmara Municipal.

4)João Wilson Neri. O ex-prefeito ganhou mais uma vez. Prefeito por dois mandatos em São Miguel do Gostoso, João nunca perdeu uma eleição no município. Foi eleito duas vezes, apoiou Miguel Teixeira, seu primo, que também se elegeu, por dois mandatos, depois apoiou Fátima Dantas, sua mulher, também eleita prefeita. Miguel e João romperam depois e ele apoiou as duas últimas campanhas de Renato, ajudando a derrotar Miguel. Seu apoio tem importante peso na balança eleitoral do município. Como há certo equilíbrio atualmente entre Renato e Miguel, o apoio de João, que ainda goza de liderança em parte do eleitorado, tem sido decisivo para dar a vitória a quem ele apoia, como no caso de  Renato.  Uma dúvida: será que João vai preferir apoiar alguém da sua família para 2024?Muita gente já falou no nome do seu filho, David Neri.

5) Aliança com o PT.  Em aliança com Renato, o PT elegeu o vice-prefeito, João Eudes. Mas, em eleições anteriores, o PT demonstrou mais força, com votação para vereador bem maior do que a obtida agora. Seus dois candidatos a prefeito obtiveram, juntos, 167 votos. Muito pouco. E Renato perdeu na Tabua, terra do vice-prefeito João Eudes. Mas a aliança é importante pelo fato de abrir as portas da administração local com o governo estadual, dirigido por Fátima Bezerra (PT).

6) Francisco dos Anjos, o Tiquinho.  Mesmo sem apoio logístico e financeiro de seu partido, o MDB, Tiquinho obteve uma razoável votação, 692 votos, quase 10% do total de votos válidos. Tinha potencial para mais de mil votos, mas, de última hora, perdeu eleitores para o chamado “voto útil” – eleitores que migraram para um dos dois principais candidatos com o objetivo de contribuir para a derrota do outro. Tiquinho obteve quase o dobro de votos do que o total dos candidatos a vereador pelo seu partido, que obtiveram, todos eles, 360 votos. Sinal de que eleitores votaram em vereadores de outros partidos, mas, para prefeito, escolheram Tiquinho. Com seu bom desempenho, Tiquinho pode viabilizar melhor seu nome para a eleição de 2024.

Quem sai enfraquecido

1)Miguel Teixeira perde a segunda eleição consecutiva. Sai da eleição desgastado, mas demonstrou ter potencial de votos para continuar disputando a Prefeitura local. A diferença de votos entre ele e Renato foi pequena, 381 votos, pouco mais de 5% do total de votos válidos, e menor do que em 2016. Elegeu 4 dos 5 vereadores da Câmara Municipal, o que significa que terá peso na fiscalização dos atos do prefeito eleito. Mas, mesmo com mais uma derrota, Miguel pode disputar a eleição de 2024, com alguma chance de vitória.

2)Bancada feminina na Câmara. Lamentavelmente não existe uma única mulher na nova legislatura da Câmara Municipal. Em 2016, foram eleitas três vereadoras:  Clésia, Dona Letinha e Micarla Catarina. As duas primeiras não concorreram à reeleição. Micarla foi bem votada, obteve 372 votos, mas não se reelegeu devido ao quociente eleitoral.  Os três últimos vereadores eleitos (Nenen dos Morros, Beto de Agostinho e Ednaldo Coutinho) tiveram menos votos do que Micarla, mas foram beneficiados pela soma do total de votos dos demais candidatos de seus partidos. Micarla desempenhou um bom mandato. Pena ter ficado de fora nesta eleição. Outra perda significativa foi a de Nenê de Lala, que ficou na segunda suplência. Comprometida com a cidade, Nenê seria um ótimo reforço feminino na Câmara. Havia outros bons nomes femininos disputando a eleição. Como Seissa Modesto, Cibele Ambrósio, Professora Dumont e Rejane Araújo. Mas ninguém se elegeu. Lamentável.

3)Jubenick Pereira. Candidato do Solidariedade, Jubenick obteve apenas 54 votos, não chegando a 1% do total válido de votos. Muito pouco para um ex-vereador (pelo PT, mas que trocou depois de partido) e ex-candidato a deputado estadual, quando obteve boa votação. Jubenick sai desta disputa bastante enfraquecido. Muitos vereadores que não se elegeram, inclusive de seu partido (como Seissa Modesto), tiveram mais votos do que ele.  

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Renato se reelege com maioria de 381 votos sobre Miguel Teixeira, mas maioria foi menor do que a esperada. Tiquinho tirou votos dos dois candidatos

 

Por Emanuel Neri

Embora com uma maioria de votos menor do que estava prevista, o atual prefeito de São Miguel do Gostoso, Renato de Doquinha (PSD), foi reeleito para mais um mandato à frente do município. João Eudes, o vice da chapa eleita, é do PT.

A maioria de Renato sobre Miguel Teixeira (PL) foi de 381 votos. Renato obteve 3.396 votos (47,45% dos votos) contra 3.015 (42,13%) de votos de Miguel. A diferença foi 5,32%% do total de votos, bem abaixo dos 15% previstos pelas pesquisas eleitorais.

O terceiro mais votado foi Tiquinho (MDB), com 682 votos (9,67% dos votos), enquanto Jubenick (Solidariedade) foi o último colocado, com apenas 54 votos (0,75%). De acordo com o resultado, foi a sede do município que deu a vitória a Renato.

Renato ganhou de Miguel na sede do município com 536 votos de maioria. No interior do município, Miguel foi mais votado, ganhando na maioria dos distritos. Como a maioria na sede foi maior do que no interior, Renato conseguiu ganhar a eleição no município por uma diferença de 381 votos.

Houve problemas na totalização de votos, na maioria dos municípios brasileiros, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Por este motivo, os números da eleição em São Miguel do Gostoso demoraram a aparecer. No final da noite, ainda havia dúvidas sobre os vereadores eleitos.

Eleição de vereadores

O vereador mais votado para a Câmara Municipal foi Azenate Câmara, atual vice-prefeito, com 609 votos. Em seguida apareciam Jean dos Morros, com 511 votos, Evandro Menezes (474), Adalpe (406), Neto da Saúde (387), Zé de Luzenário (376),  Nenen dos Morros (311), Beto de Agostinho (284) e Ednaldo Coutinho (275).

Isso significa que, na nova legislatura na Câmara Municipal, não foi eleita nenhuma mulher. Na atual formação da Câmara existem três mulheres - Micarla, Dona Letinha e Clésia. Nesta eleição, Micarla teve uma boa votação, com 372 votos, mas não se elegeu, o mesmo acontecendo com Nenê de Lala, que teve 230 votos. É lamentável que apenas homens componham a nova Câmara Municipal.

Peso eleitoral de Tiquinho

A vitória de Renato já era esperada. Mas ela saiu bem menor do que a própria estrutura da campanha previa. Se comparado a 2016, quando se elegeu prefeito pela primeira vez, Renato saiu menor das urnas deste domingo, com bem menos votos sobre Miguel, com quem também concorreu naquele ano. Se Renato perdeu votos é porque sua administração não foi muito bem avaliada pela população.

E quem fez a diferença entre uma e outra eleição foi a candidatura de Tiquinho, que obteve 682 votos. Tiquinho tirou bem mais votos de Renato do que de Miguel Teixeira, de quem também “robou” votos quando comparado a 2016. Sem praticamente nenhuma estrutura de campanha, Tiquinho saiu fortalecido da atual eleição.

Tiquinho foi bem votado e pode se transformar num candidato competitivo na próxima eleição para a Prefeitura de São Miguel do Gostoso. Até seu partido, o MDB, o abandonou durante a campanha. Na reta final da campanha, ele perdeu parte de seu eleitorado para o chamado “voto útil”.

A campanha estava polarizada, com dois candidatos principais. E parte do eleitorado de Tiquinho migrou para Renato e Miguel. O “voto útil” é dado quando parte do eleitorado tenta evitar que um candidato ou outro ganhe a eleição.  No início da campanha, acreditava-se que o potencial de votos de Tiquinho seria bem maior. O “voto útil” reduziu seus votos.

Numa conta mais simples, significa dizer que os votos de Tiquinho poderiam ter feito a diferença na escolha do novo prefeito de São Miguel do Gostoso. Em tese, se Tiquinho tivesse apoiado Miguel, e conseguisse transferir grande parte de seus votos, o candidato do PL seria o novo prefeito do  município. A leitura que se faz é que Tiquinho já é uma nova liderança política local, com potencial de votos para definir uma eleição.

Agora é esperar pelo segundo mandato de Renato. E torcer para que ele atenda às expectativas do eleitorado que votou nele para um segundo mandato em São Miguel do Gostoso.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Renato tem favoritismo sobre Miguel em pesquisa. Campanha eleitoral está causando sérios problemas a moradores e turistas de São Miguel do Gostoso

 

Por Emanuel Neri

A seis dias da eleição de São Miguel do Gostoso, no próximo domingo, dia 15 de novembro, o prefeito Renato de Doquinha aparentemente apresenta algum favoritismo sobre seu principal concorrente, Miguel Teixeira.

Nesta segunda-feira, a campanha de Renato liberou pesquisa, realizada pelo instituto Perfil, em que o atual prefeito está 15 pontos á frente de Miguel Teixeira. Renato tem 51% das intenções de votos, contra 36% de Miguel. O candidato Tiquinho teria 4,75%, enquanto Jubenick tem 0,75%.

É claro que a campanha de Miguel, como também a de Tiquinho, colocaram dúvidas sobre a pesquisa. Nas redes sociais, disseram que a pesquisa era falsa, quando aparentemente não é. Mas é fato que a campanha de Renato, como alegou seu principal adversário, contratou outra pesquisa, que não quis divulgar.

De fato, segundo apurou este blog, houve uma segunda pesquisa, também contratada pela campanha de Renato, mas que não foi divulgada. Este levantamento foi realizado pela Consult, outro conhecido instituto de pesquisa do RN. Nesta pesquisa, a vantagem de Renato sobre Miguel seria menor, em torno de 13 pontos.

De qualquer jeito, embora os resultados das duas pesquisas tenham poucas diferenças, o fato é que a campanha para prefeito de São Miguel do Gostoso chega à reta final da campanha com certo equilíbrio. Mas pode-se dizer que Renato leva alguma vantagem sobre seu principal adversário.

Estragos no turismo

Se a campanha parece equilibrada, embora com algum favoritismo para o atual prefeito, os dois principais candidatos tem causado sérios problemas à imagem do turismo de São Miguel do Gostoso. Parece até que tanto Renato como Miguel não tem compromisso algum com a principal atividade econômica da cidade.

No sábado passado (7/11), a exemplo do que Renato já tinha feito antes, Miguel causou sérios transtornos na cidade com sua campanha. Enormes paredões de som ocuparam a via principal da cidade, gerando muitas reclamações de turistas. No final da tarde formou-se enorme fila de carros que, vindo de Tourinhos, não conseguiram entrar na cidade.

São Miguel do Gostoso estava cheia, com todas as pousadas e flats ocupados. Os turistas que vinham do Tourinhos, chegando pela estrada do Reduto, no bairro do Maceió, tiveram que esperar horas para poder chegar aos estabelecimentos em que estavam hospedados. Há relatos de turistas que, revoltados, deixaram a cidade.

Estes mesmos problemas ocorreram na carreata feita pela campanha de Renato, semanas antes. O som ensurdecedor das carreatas das duas campanhas, além de congestionamentos em ruas da cidade, causou muita reclamação. Hóspedes abandonaram uma pousada no Maceió e pediram o dinheiro das diárias de volta.

Revoltada, a proprietária da pousada apresentou a conta do seu prejuízo à Prefeitura, exigindo ressarcimento. Há muitos relatos de casos semelhantes na cidade. No último sábado, a dona de um restaurante na avenida dos Arrecifes contou a este blog que a maioria dos seus hóspedes foi embora com o insuportável barulho da carreata de Miguel.

Recomenda-se que, qualquer proprietário de pousada ou restaurante que tiver prejuízos por causa da irresponsabilidade geral da campanha eleitoral, procure os coordenadores das campanhas de Renato e Miguel para serem ressarcidos por suas perdas. Se eles não quiserem pagar, procurem o Ministério Público que, com certeza, este órgão saberá tomar alguma providência sobre a bagunça geral das campanhas eleitorais locais.

Além dos turistas, muitos moradores de São Miguel do Gostoso também tem reclamado do excesso do som das campanhas dos dois principais candidatos a prefeito. Talvez os dois candidatos não consigam entender que há formas mais inteligente de se fazer campanha. Do jeito que está sendo feita, a campanha barulhenta acaba levando turistas a abandonarem a cidade e moradores a não votarem nos dois candidatos.

O que espanta é que os dois candidatos não parecem preocupados com os danos que suas campanhas estão causando ao turismo de São Miguel do Gostoso. Não se vê de nenhum destes dois candidatos a preocupação com a divulgação de suas propostas para governar o município. Parece que ganha quem faz mais barulho.

Nesta segunda-feira (0/11), continuou o desconforto com a campanha eleitoral. Durante todo o dia, houve foguetório em vários pontos da cidade. No início da noite, uma carreata de Renato percorreu a via principal da cidade, mais uma vez com enorme barulho. Parecia mais o fim do mundo.

Uma pergunta que se faz é como estes candidatos estão arranjando tanto dinheiro para pôr suas campanhas nas ruas. São campanhas caras, com aluguel de carros de som, queima de fogos, e contratação de marqueteiros e material de divulgação. São campanhas milionárias. O Ministério o Público deve estar de olho.

E isso sem falar no risco da propagação do Coronavirus. Nas duas campanhas, não há recomendações alguma contra aglomerações e a grande maioria das pessoas que acompanha as carreatas não está usando máscaras. Alto risco também para a saúde de São Miguel do Gostoso