quarta-feira, 23 de março de 2016

Decisões do STF condenam escuta telefônica, exigem respeito à Constituição e pregam democracia no país



Por Emanuel Neri
Foi um alívio para aqueles que sempre sonharam com um Brasil democrático e civilizado. Para aqueles que achavam que este país estava entregue às baratas e que passara a valer a lei dos mais fortes, dos poderosos, em especial o poder da mídia – ou, seja, daqueles que têm um trombone maior e que costumam gritar mais alto.
Na noite da última terça-feira (22/3), três decisões fizeram com que o Brasil voltasse à sua normalidade democrática, ao respeito às leis, em especial à maior delas, a Constituição. E que acabassem atos ilegais, como a escuta telefônica de autoridades que vinham sendo praticados pelo juiz Sérgio Moro.
A primeira destas decisões, talvez a mais importante, partiu do ministro Teori Zavascki (foto), do Supremo Tribunal Federal (STF), ao obrigar o juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, que apura corrupção na Petrobrás, a enviar para o STF todo o processo referente ao ex-presidente Lula.
Mais do que isso, Teori condenou duramente atos praticados por Moro, como as escutas telefônicas de autoridades, entre elas a da presidenta Dilma Rousseff em conversa com o ex-presidente Lula. Determinou ainda sigilo total sobre todos os “grampos” feitos envolvendo investigados do Lava Jato.
Outra decisão importante partiu do presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que pediu para o ministro Teori, que é de fato o relator da Operação Lava Jato, para julgar decisão anterior do ministro Gilmar Mendes, proibindo que Lula assumisse o cargo de chefe da Casa Civil, para o qual foi indicado por Dilma.
Na decisão de Lewandowiski também está previsto que, dependendo do julgamento de Teori, Mendes poderá ser impedido de julgar ações envolvendo Lula, o governo e o PT. É que Mendes tem extrapolado seus limites de juiz ao julgar este tipo de ação - estaria “partidarizando” suas decisões no STF.
Por fim, outra importante decisão da terça-feira foi nota interna, dirigida aos promotores do Ministério Público, divulgada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na nota, Janot, que é o chefe máximo do Ministério Público, dá um duro ”puxão de orelhas” nos promotores da Lava Jato.
Janot diz, em sua nota, que o promotor tem que agir de forma “técnica e serena”, sem jamais “partidarizar” suas ações.  A nota de Janot é dura no alerta aos promotores da Lava Jato, cujo único alvo parece ser mesmo eliminar politicamente Lula. Isso, em tese, facilitaria a chegada dos partidos de oposição ao poder.
Estas três decisões jogaram uma luz mais transparente em todo o processo da Lava Jato, pois exigem respeito aos preceitos legais e democráticos. Do jeito que estava, parecia mesmo que o único alvo do juiz Moro e dos promotores era aniquilar politicamente Lula e o PT. Agora tudo isso vai passar pelo STF.
Isso não significa que Lula deixará de ser julgado – e até punido, se for o caso. O STF dará prosseguimento ao processo aberto por Moro. Só que com mais equilíbrio e parcimônia. Do jeito que estava, a qualquer momento Moro poderia prender Lula, mesmo não havendo fundamento legal nas acusações contra o ex-presidente.
Muita gente, principalmente do meio jurídico e político, tem condenado as ações de Moro contra Lula. Bresser Pereira, fundador do PSDB e ex-ministro no governo Fernando Henrique, deu entrevista à imprensa dizendo que o “foco do Moro era impor Lula como chefe do esquema” de corrupção na Petrobrás.
A presidenta Dilma elogiou a decisão de Teori por, segundo ela, “restabelecer o primado da lei” no Brasil. Mas a oposição e seus seguidores radicais não gostaram da decisão. Na noite da decisão, integrantes do movimento contra Dilma e Lula foram bater panelas diante da residência do ministro do STF.
Por aí vocês notam o grau de radicalização presente no movimento que quer, a todo custo, afastar Dilma da Presidência e mandar Lula para a cadeia. Só que isso não pode ser feito desrespeitando as leis. O Brasil é um país democrático, com leis para serem cumpridas. Como estava, parecia não haver leis.
O Brasil não precisa de messiânicos nem de salvadores da pátria, como estava parecendo até agora na Lava Jato. O Brasil precisa, sim, de juízes e autoridades, incluindo políticos, que respeitem as leis. O que não se pode é afrontar autoridades, como foi o caso das escutas e posterior divulgação das escutas telefônicas.
Este é o império da lei, que todos precisam respeitar. Neste sentido, as  decisões dos ministros Teori e de Lewandowiski – mais a nota de Rodrigo Janot – parecem querer por ordem nesta casa chamada Brasil.
É este o Brasil que nós queremos.
Nos links abaixo, informações sobre decisões de Teori e Lewandowiski e reações, contrárias e favoráveis, a estas decisões. Veja outros comentários sobre a crise política do Brasil, inclusive a manifestação da CNBB contra qualquer tipo de golpe no país.

terça-feira, 22 de março de 2016

Acontecimentos políticos levam o Brasil a mergulhar em grave crise. Só diálogo e muito juízo salvam o país



Por Emanuel Neri
Nas duas últimas semanas, o Brasil mergulhou ainda mais na crise política que vem destroçando o país há quase dois anos.
Para início de conversa, uma explicação. O autor deste blog estava em viagem ao exterior e, por este motivo, não conseguiu alimentar este espaço com novos posts sobre os gravíssimos acontecimentos ocorridos no país nos últimos dias.
Vamos então a estes fatos.
O último post deste blog dizia que o ex-presidente Lula havia recusado assumir um cargo de ministro oferecido a ele pela presidenta Dilma Rousseff (http://nobalacobaco.blogspot.com.br/2016/03/lula-recusa-convite-de-dilma-para-ser.html) .
Mas de lá para cá, muita coisa mudou – ou, como se diz no linguajar popular, muita água passou por debaixo da ponte.
O fato é que Lula, depois de ter recusado o cargo de ministro, acabou por aceitar ser chefe da Casa Civil do governo. Pesaram para sua mudança de opinião apelos de amigos e correligionários e sua preocupação com a crise do governo Dilma. Alguém tinha que ajudar a salvar o barco do naufrágio.
E este nome, ao que tudo indica, é mesmo o do Lula. O ex-presidente tem experiência e cacife político suficiente para tentar evitar que o barco afunde de vez. E se isso ocorrer muita gente vai perder. Aumentará o desemprego, haverá riscos para as conquistas sociais dos últimos anos – enfim, a crise não terá fim.
Com Lula, haverá a possibilidade de salvamento do governo Dilma e do próprio PT, evitando seu naufrágio nas próximas eleições. Se Lula chegar ao governo e conseguir deter a crise, aplicando medidas dos oito anos que esteve à frente da Presidência, há grande chance de ele voltar ao governo em 2018.
Mas até agora Lula não assumiu o ministério devido a ações da Justiça que impedem que ele ocupe o cargo. Uma dessas ações foi julgada pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contumaz adversário do PT e do governo.
Por causa disso, Lula já cogita não assumir ministério algum, sendo apenas um assessor informal do governo – prova de que ele não está querendo o cargo para se proteger de riscos de prisão pelo juiz Sérgio Moro, que comanda a Operação Lava Lato, que apura casos de corrupção na Petrobrás.
Importante dizer que a indicação de Lula para o Ministério não o livra de ser investigado e até punido, caso haja mesmo provas de ilegalidades praticadas por ele - o que até agora não foi provado. A diferença é que, como ministro, Lula será julgado pelo STF e não por um juiz de primeira instância, como é o caso de Moro.
Mas, junto com a indicação de Lula, surgiram fatos que fizeram com que a crise no Brasil se agravasse muitíssimo – ou seja, o barco está ameaçando, sim, afundar de vez.
Uma delas foi a gravação de conversas telefônicas de Lula com políticos e com a presidenta Dilma, por ordem do juiz Sérgio Moro. O fato, quanto ao  respeito às leis e  regras constitucionais, foi considerado gravíssimo.
Foi aí que o juiz Sérgio Moro pisou feio na bola e não fez o gol de placa que ele imaginava marcar. Sua atitude, ao contrário, foi considerada jogo sujo, por afrontar a Constituição, maior lei do país.
Para que alguém possa gravar uma conversa de um presidente da República, tem que haver autorização do STF. Mais que isso, o fato se agravou porque, além da gravação ilegal, o juiz entregou cópia das conversas para que a TV Globo, que faz de tudo para derrubar o governo, as divulgasse com grande estardalhaço.
As gravações foram suficientes para incendiar o país. De um lado, pessoas que apoiam Dilma – além de juristas e os próprios ministros do STF (veja abaixo) – condenaram o episódio.
A oposição e o juiz Moro viam nas gravações motivos para incriminar Lula, conseguindo motivos para prendê-lo, e abrir caminho para o impeachment de Dilma, o que já vêm tentando fazer há muito tempo.
As gravações, de fato, não revelavam nenhuma conversa grave. Apenas a presidenta dizia que enviaria a São Paulo, onde Lula mora, os termos da posse, para que ele pudesse assinar. Ocorre que na esteira destas gravações vieram muitas outras, inclusive conversas privadas de familiares de Lula. Tudo muito grave.
No caso da gravação envolvendo conversa entre Dilma e Lula, a Presidência da República entrou com recurso no STF alegando que o a iniciativa de Moro, sem nenhuma base legal, pôs em risco a soberania nacional e classificou de "ilação" a tese de que a Dilma nomeou Lula para livrá-lo da investigação que vem sendo feita por aquele juiz.
Tudo isso fez com que a fogueira da crise política ficasse ainda mais acesa.
A oposição e manifestantes contra o governo, como tem feito nos últimos tempos, aumentaram seu grau de ódio e intolerância a quem aparentemente não concordava com seu posicionamento político.
Na avenida Paulista, em São Paulo, palco principal da crise, pessoas foram agredias apenas porque portavam algum tipo de vestimenta vermelha, cor do PT- ou simplesmente porque eram identificadas como “cara de petistas”.
Até uma inocente ciclovia da avenida Paulista, feita pela administração do prefeito Fernando Haddad (PT), foi pichada e teve parte dela destruída.
O passo seguinte foram as grandes manifestações políticas em São Paulo e em todos os Estados brasileiros. Os atos dos que apoiam o governo foram realizados na sexta, 18 de julho, e levou milhares de pessoas (foto acima) às ruas do Brasil. O mesmo ocorreu antes destes episódios, no dia 13, quando gigantescas manifestações contra o governo também ocorreram por todo o país.
O grito mais ouvido nas manifestações pró-governo era “Não vai ter golpe” – referência ao impeachment de Dilma que a oposição defende, mas que não há   fundamentos legais para o afastamento da presidenta. Do outro lado, a palavra de ordem era “Fora Dilma” e “Lula na cadeia”. Contra Lula também não há fato, pelo menos até agora, que o incriminem e justifiquem sua prisão.
O fato é que o Brasil está dividido e radicalizado.
E tudo isso por causa de uma oposição que sempre apostou no quanto pior melhor, e por atitudes radicais, como a do juiz Moro, como as escutas telefônicas de Lula e Dilma e da própria condução coercitiva do ex-presidente, uma semana antes, também condenada por meio mundo, inclusive o STF (veja post deste blog).
O Brasil só resolverá esta crise se houver entendimento entre líderes da oposição e da situação, que apoiam o governo. E também com atitudes sensatas de autoridades, como o juiz Moro, do Ministério Público, da Polícia Federal que contribuam para que o país supere esta terrível crise que vive atualmente.
O momento, portanto, é de muita sensatez para que seja apagada a fogueira desta crise. Se não surgirem bombeiros para apagar o fogo, o país entrará em convulsão social e enfrentará uma crise sem precedentes em sua história.
Sem bom senso e muito juízo de políticos e das autoridades, aí incluindo o STF, não haverá salvação para o Brasil.
Abaixo, links para que você possa entender melhor o que está por trás desta crise no Brasil. Leia apelos, como o do religioso Leonardo Boff, para que Lula aceitasse ser ministro. Veja também análise de ministros do STF e da imprensa sobre a ilegalidade dos atos do juiz Sérgio Moro.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Lula recusa convite para ser ministro e obter salvo-conduto contra eventual prisão. Prova de dignidade



Por Emanuel Neri
Para quem acompanhou a abusiva ação da Operação Lava Jato, no último dia 4 de março, em São Paulo, com o uso de uma arbitrária condução coercitiva – ou seja, com auxílio de força policial (200 policiais da PF) – para ouvir um depoimento do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, prepare-se: é provável que sejam anunciadas, nos próximos dias, medidas muito mais graves e radicais contra Lula.
A Operação Lava Jato, comandada pelo juiz Sérgio Moro, pode, a qualquer momento, prender o ex-presidente, embora não haja nenhuma prova fundamentada (veja post acima deste blog) que justifique, pelo menos até o presente momento, este tipo de ação. A Lava Jato quer prender Lula por um objetivo puramente político: evitar que Lula volte à Presidência na eleição de 2018.
Para evitar a prisão do ex-presidente, na última quarta-feira (9/3) houve uma verdadeira peregrinação em torno de Lula, com a participação de ministros e da própria presidenta Dilma Rousseff, para convencê-lo a ser ministro do atual governo. Se isso ocorresse, qualquer ação contra o ex-presidente teria que passar pelo crivo do STF.
Mas Lula, pelo menos até agora, não cedeu aos apelos de ter uma espécie de salvo-conduto preventivo a qualquer tipo de ação contra ele. Sua atitude demonstra que ele prefere ser preso, mesmo injustamente, do que criar uma salvaguarda legal respaldada em foro privilegiado – o cargo de ministro. Com isso, Lula demonstrou coragem e dignidade, marcas de grande líder político e de presidente mais popular da história do país.

(Fato muito Importante: no final da tarde desta quinta-feira, 10/3, quando o post acima já tinha sido publicado, um promotor do Ministério Público de São Paulo tentou se antecipar ao lava Jato e pediu a prisão preventiva de Lula pela compra do tal triplex na praia do Guarujá, compra esta que nunca  existiu. A argumentação do promotor é cheia de falhas, mas nunca se sabe qual a decisão do juiz/a que vai julgar a ação. Seja qual for a decisão, é mais uma ação injusta e sem provas fundamentadas contra o ex-presidente. Veja, nos links abaixo, reportagem do jornalista Paulo Nogueira sobre este pedido de prisão. Já o jornalista Kennedy Alencar diz que Dilma, provavelmente por pressão do PT, chegou a pensar na ida do ex-presidente para a Casa Civil. Mas que havia desistido. Leia coluna do Kennedy Alencar nos links que estão abaixo do post)
Sobre a decisão do ex-presidente de não aceitar o convite para ser ministro, o conceituado jornalista Ricardo Amaral escreveu texto explicando os motivos da recusa do Lula. Neste momento de grande conturbação política no Brasil, o noBalacobaco resolveu reproduzir o artigo de Amaral por entender que ele ajuda a entender o que ainda pode acontecer com o país, inclusive o agravamento da atual crise. Veja a seguir:
Por que Lula não aceitou ser ministro

Por Ricardo Amaral

“Ao recusar um posto no ministério da presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula produziu um raro momento de grandeza na cena política brasileira. Lula considera indigno de sua história buscar, no foro privilegiado, o salvo-conduto contra as arbitrariedades da hora. Virar ministro seria criar um constrangimento para o governo e para a presidenta. E isso Lula não fará jamais. É assim que se comporta um líder, que não precisa de cargos para exercer a política e dispensa refúgio para a dignidade afrontada.

Na plena vigência do estado de direito, Lula não teria nada a temer. Não cometeu nenhum crime, antes, durante ou depois de governar o País. Sua atividade como palestrante é o resultado da projeção internacional que conquistou. Recolhe impostos pelo que ganha licitamente. Não faz lobby, consultoria nem intermediação de negócios. O Instituto Lula não recebe dinheiro público, nem direta nem indiretamente. Mas, e daí?

No ambiente de terror policial insuflado pela oposição e pela mídia, Lula tornou-se alvo de toda sorte de violência. Agentes do terror lançaram uma bomba na sede do Instituto Lula. Agentes do Estado, que deveriam estar submetidos à Lei e à hierarquia, quebraram ilegalmente o sigilo bancário do ex-presidente e de um de seus filhos. As pegadas sujas do crime estão nas páginas de uma revista sórdida esta semana. Quebraram o sigilo de suas comunicações e, ao invés de denunciá-la, parte da imprensa associou-se à meganha bandida.

Há fortes motivos para crer que o próximo passo seja submeter Lula aos métodos parajudiciais da República de Curitiba: o mandado cego de busca; a condução coercitiva para mero depoimento; a prisão “preventiva” pela simples razão de que o sujeito está solto. Os vazamentos seletivos dos últimos dias desmoralizaram as negativas formais do juiz e dos promotores da Lava Jato: Lula é, sim, o alvo cobiçado da operação. Não para ser processado, pois não há acusação contra ele, mas para ser humilhado diante das câmeras.

No estado de exceção a que se encontra sujeita uma parte do País, ninguém poderia negar razão a Lula caso aceitasse a oferta solidária e leal da presidenta Dilma. Ministro, ele estaria a salvo das arbitrariedades da primeira instância e do terror policial-midiático. Mas Lula não é um ex-presidente qualquer – e nisso é preciso concordar, por razões opostas, com o autor original da frase: Merval Pereira.
     
O imortal do Globo sustenta que Lula não pode ser tratado como um cidadão de pleno direito, porque continua sendo um líder muito influente cinco anos depois de ter deixado o Planalto. Trapaça da história: o promotor que denunciou Lula na LSN (Lei de Segurança Nacional) por um discurso contra a ditadura, em 1980, também sustentou que a ameaça à segurança nacional não estava exatamente nas palavras do metalúrgico, mas na influência que ele exercia sobre as plateias.

De volta ao imortal: Lula não pode fazer palestras para empresas contratadas pelo governo (Merval talvez ignore que seu patrão, o Infoglobo, que tem contratos milionários com o governo, já contratou palestra de Lula). O Instituto Lula não pode receber doações empresariais (só o Instituto FHC pode, e pode até receber doação da estatal tucana Sabesp). Lula não pode encontrar governantes estrangeiros (embora seja o brasileiro mais respeitado ao redor do mundo). E, se isso fosse possível, Lula não poderia fazer política.
       
Este raciocínio autoritário, parcial e preconceituoso sustenta as torpezas cometidas contra Lula (e contra a verdade) pelos veículos e colunistas amestrados sob influência do sublacerdismo tosco e tardio que emana da rua Irineu Marinho. É o que explica as manchetes mentirosas atribuindo a Lula a propriedade de um apartamento que ele não tem, os “voos sigilosos” (em aviões invisíveis?), as “reuniões secretas” (em auditórios públicos, com cobertura da imprensa), os telegramas oficiais grosseiramente manipulados para virar notícia. 

Lula é atacado justamente por ser o mais influente líder popular que o Brasil já conheceu. E por ser o maior obstáculo ao projeto regressista e conservador que, frustrada a aventura golpista, por suas contradições políticas e econômicas, precisa eliminar a liderança de Lula antes das eleições de 2018. A Pax Marinho, que ninguém se engane, é um movimento das elites econômicas para garantir a estabilidade necessária ao ambiente de negócios. Não é um pacto para preservar Dilma. E muito menos, para preservar Lula. 

O que preserva Lula é sua liderança, sua coerência e seu caráter. Ao recusar o ministério, Lula promoveu um magnífico contraste com personagens políticos, institucionais e midiáticos nesta que é a mais rebaixada quadra da disputa política desde a redemocratização. Enquanto alguns ousam sequestrar instituições, para salvar a pele ou perseguir adversários, e outros se omitem de suas responsabilidades republicanas, por covardia ou conveniência, Lula decidiu simplesmente portar-se com dignidade.

A recusa de Lula é um gesto fundamentalmente moral. É corajoso, porque arrosta a arbitrariedade, e desprendido, porque preserva a presidenta. É mais uma lição do ex-retirante, ex-engraxate, ex-metalúrgico, ex-sindicalista para a educação política desta e de outras gerações. Isso é incompreensível para os abutres que tentam medi-lo pela régua de seu próprio e mesquinho caráter. Lula não é mesmo um ex-presidente qualquer. Lula é um líder”.

Abaixo, links para você entender o que está por trás da Operação Lava Jato. O insuspeito jornalista Jânio de Freitas, da Folha, compara, ironicamente, a ação contra Lula à Operação Bandeirantes, a terrível Oban, da época da Ditadura Militar. Veja outros textos, como artigo do cineasta João Moreira Salles, entrevista na TV do ministro Marco Aurélio, do STF, e noticias sobre “grampos” na casa de Lula.