Sampa, crise, mau humor - e os mesmos problemas de sempre

Por Emanuel Neri, em São Paulo


Depois de quase um mês em São Miguel do Gostoso, voltei a São Paulo na última quarta-feira. O primeiro impacto foi o frio de lascar. Quando o avião se aproximava do aeroporto de Guarulhos, às 18hs, o piloto avisou que a temperatura da cidade estava em 11 graus. Um OOOOHHHH!!! geral foi ouvido no avião. Muita gente estava viajando com a cabeça e o corpo ainda nas praias quentes do Rio Grande do Norte. Muitos usavam o estilo verão -bermuda, camiseta e chinelão. E é claro que que estes sofreram bem mais. Na madrugada de sexta, a temperatura chegou a 5 graus. Mas a cidade, de um modo geral, continua a mesma de sempre. Além do frio e do trânsito complicado, há sinais de mau humor do paulistano no ar e muita preocupação com a crise econômica que ameaça mergulhar o mundo em mais uma recessão.
Somente na quinta-feira, a Bolsa de Valores de São Paulo caiu quase 7 pontos --acompanhou as bolsas de outros grandes centros econômicos mundiais, que também estão derretendo com os sintomas de mais uma crise. A crise é nos Estados Unidos e na Europa, mas o mundo em desenvolvimento, como o Brasil, que aparentemente está com sua economia em ordem, também sente seus efeitos. Sinal de que, se a economia é globalizada, a crises também são. Quem tem dinheiro aplicado na Bovespa, a bolsa brasileira, em São Paulo, está sentindo um enorme frio na barriga. A crise é tão grande que há informações de que só as empresa do empresário brasileiro/carioca Eike Batista, do Grupo EBX, perdeu em torno de 2 bilhões de dólares -o grupo nega. Mas há também sinal de muito mau humor no mundo político.
Em Brasília, depois de muito tolerar declarações inconvenientes do ministro Nelson Jobim, da Defesa, finalmente a presidenta Dilma Roussef o demitiu. Na quinta-feira, a presidenta interrompeu uma visita que o ministro fazia ao Amazonas e o substituiu por Celso Amorim, que foi ministro de Relações Exteriores no governo Lula. É o terceiro ministro que Dilma demite em apenas sete meses de governo. Mas Jobim parace até que estava querendo sair. Depois de dizer que votara em José Serra, na eleição de 2010, criticou, deselegantemente, colegas de ministério. Disse que a ministra Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, era "fraquinha" e que Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, sequer conhecia Brasilia. Estava querendo cair.
Assim caminha São Paulo, Brasília - e o mundo, com mais uma grande crise para administrar.