segunda-feira, 18 de julho de 2022

Em São Miguel do Gostoso, população tem direito a festas, mas Prefeitura deve buscar locais adequados, mais afastados, para nao prejudicar outras pessoas

Por Emanuel Neri

Pra início de conversa, que fique bem claro.  Este blog não é contra as festas públicas de São Miguel do Gostoso, organizadas pela Prefeitura. Pelo contrário: somos a favor destes festejos.

Mas sejamos honestos. Do jeito que a Prefeitura local está fazendo, está errado. O palco das festas noturnas das duas festas deste ano (sábado e domingo, 16 e 17/7) foi feito na praia do Maceió, um bairro predominantemente residencial e com inúmeras pousadas.

Bem que a Prefeitura poderia escolher um local mais adequado para estas festas públicas. O ideal seria um espaço que não prejudicasse parte da população, da cidade principalmente idosos e crianças, além de turistas hospedados nas pousadas do Maceió.

Este ano, quando a cidade completou 29 anos, foram duas noites de festas, com som muito alto, que só terminaram por volta das 6h  da manhã do dia seguinte.

A Prefeitura, por exemplo, poderia realizar suas festas públicas no espaço onde, todos os anos, é realizado o chamado Réveillon do Gostoso, logo depois do final do bairro do Maceió, já na estrada para o Reduto. Ali já tem uma estrutura montada, inclusive com estacionamento.

Mais que isso, as festas do Réveillon do Gostoso, afastadas da área urbana da cidade, não chegam a afetar o repouso da população. No final do ano, as festas são realizadas durante toda a noite, sem que haja reclamações da população contra o abuso do som alto.

Mas a Prefeitura de São Miguel do Gostoso faz exatamente o contrário. Insiste em fazer suas festas em áreas urbanas – antes era na praia da Xepa -, sem respeitar leis que proíbem o abuso de som e garantem silêncio para quem não está na festa e quer descansar, em suas casas ou nas pousadas.

Nas noites deste sábado e domingo o que se viu no bairro do Maceió foi um show de desrespeitos. Há relatos dramáticos de quem passou a noite acordado, sem poder dormir por causa da festa. Uma turista hospedada no Maceió disse que vidros das janelas da pousada em que estava tremiam com o som.

“Foi uma noite de desespero. Impotente, sem nada poder fazer, só me restou chorar”, disse Gislene Ataulo, turista de São Paulo. “Quando a festa acabou, depois de uma noite toda acordada, estava estourando de dor de cabeça. Isso é normal?”, perguntou.

Muitas reclamações

Nos dias seguintes da festa, este blog falou com moradores e proprietários de pousadas do bairro do Maceió. Houve muita reclamação. Em quase todas as pousadas, turistas passaram a noite toda acordados, por causa do excesso do som. Moradores também reclamaram que não puderam dormir.

Em uma dessas pousadas, um cliente estava tão contrariado que por pouco não agrediu uma recepcionista. Alterado, pedia explicações sobre ter ficado duas noites, com a família, sem poder dormir. E ainda prometeu ir embora, garantindo que jamais voltaria à cidade.

São Miguel do Gostoso cresceu. E há bairros, como o Maceió, bastante povoados. Então não dá mais para o prefeito Renato de Doquinha insistir em fazer suas festas em meio a um bairro onde predominam residências e pousadas, com turistas que procuram a cidade para descansar.

É chegada a hora de a Prefeitura procurar locais mais adequados, como o espaço do Réveillon do Gostoso, para fazer suas festas públicas. A população tem todo direito de comemorar, com orgulho, os 29 anos da emancipação da nossa cidade.

Mas estas festas não podem prejudicar quem está em suas casas e pousadas, querendo, sem poder, descansar. E este direito ao repouso, principalmente de idosos e crianças, é garantido por lei.

É preciso que estas festas sejam feitas em locais adequados, não povoados, que não tragam problemas para ninguém.