Por Emanuel Neri
Para alegria de uns, e tristeza
de outros, finalmente a Lagoa do
Cardeiro, em plena área urbana de São Miguel do Gostoso, abriu uma vala para o
mar – espontaneamente ou não – e suas águas, em grande parte, acabaram
indo embora. É provável que mais da metade das águas da lagoa escoaram para o mar.
O rompimento da estreita faixa de
terra que separava a lagoa do mar ocorreu na manhã do último sábado (foto acima). A
Prefeitura diz que o rompimento foi natural. Algumas pessoas têm dúvidas. O
fato é que o rompimento da lagoa, conhecida por “abertura da barra”, foi um
grande acontecimento na cidade, mobilizando pessoas contra, talvez a maioria, e a favor.
No domingo (15/7) à tarde, depois da divulgação deste post, um grupo de moradores foi à lagoa e, no braço, usando pás e baldes com areia, fechou a vala por onde a água estava escoando para o mar. Mais tarde, a Prefeitura colaborou com a operação. Usou uma retroescavadeira para completar o serviço de fechamento da vala. Se isso não tivesse sido feito, é provável que toda a água da lagoa iria escapar para o mar.
Entre a abertura da vala e, depois, seu fechamento pelos moradores, foi mais de um mês com a lagoa funcionando com sua capacidade máxima de armazenamento e suporte de água. O acesso a algumas praias – como Santo Cristo e Cardeiro – ficou bloqueado e houve outras sérias consequências da super enchente na lagoa. A rua da Xepa foi inundada, causando grandes prejuízos a bares e restaurantes.
No domingo (15/7) à tarde, depois da divulgação deste post, um grupo de moradores foi à lagoa e, no braço, usando pás e baldes com areia, fechou a vala por onde a água estava escoando para o mar. Mais tarde, a Prefeitura colaborou com a operação. Usou uma retroescavadeira para completar o serviço de fechamento da vala. Se isso não tivesse sido feito, é provável que toda a água da lagoa iria escapar para o mar.
Entre a abertura da vala e, depois, seu fechamento pelos moradores, foi mais de um mês com a lagoa funcionando com sua capacidade máxima de armazenamento e suporte de água. O acesso a algumas praias – como Santo Cristo e Cardeiro – ficou bloqueado e houve outras sérias consequências da super enchente na lagoa. A rua da Xepa foi inundada, causando grandes prejuízos a bares e restaurantes.
É claro que alguma coisa
precisava ser feita. Mas, do jeito que ocorreu, foram grandes os danos à
natureza. A primeira delas é o esvaziamento quase completo da lagoa, destruindo
um dos mais importantes ecossistemas locais e um dos mais bonitos cartões postais da cidade. Houve outros
danos ambientais com o escoamento da lagoa.
Depois que a lagoa
escoou para o mar, dá para se tirar algumas conclusões em torno da batalha pelo
esvaziamento ou não da lagoa. Um deles é a conscientização de moradores locais.
Boa parte da população chegou a ocupar o local para evitar o crime ambiental que seria provocado pelo escoamento da lagoa para o mar.
No início da semana passada, os
moradores descobriram que pessoas, de madrugada, cavaram uma vala par esvaziar a
lagoa. Munidos de pás, muitos moradores foram ao local, ainda pela manhã e, em pouco tempo,
fecharam a vala. Nos dias seguintes, muitos deles fizeram plantão à noite, no
local, para evitar o fim da lagoa.
Foi uma luta bonita de
conscientização ambiental. Para estes moradores, os responsáveis pela super cheia
da lagoa foram os proprietários que construíram seus imóveis – incluindo pousadas
e restaurantes – em áreas da lagoa. Para estes, o mais importante era preservar
a lagoa como estava, a qualquer custo.
É provável que houvesse outras
soluções menos radicais do que a abertura da lagoa, mesmo que tenha sido
espontânea, para o mar. O Idema, órgão ambiental do RN, propôs uma espécie de
drenagem, com o uso de motores potentes e sifões, para que as águas conseguissem
baixar a níveis adequados, sem rompimento.
Mas nada disso foi feito. E aparentemente houve um descuido da
Prefeitura com a situação da lagoa. Se a
poder municipal tivesse seguido a orientação do Idema, a lagoa não teria sido
aberta, mesmo espontâneamente, para o mar. O mais importante era salvar a lagoa,
evitando o pior, o que acabou acontecendo.
Parece mesmo que a Prefeitura dormiu no ponto diante de ações
que poderiam ter salvado a Lagoa do Cardeiro. É verdade que, apesar do esforço do secretário de Obras e Meio Ambiente da Prefeitura, Fernando Castro, ao detectar o problema com antecedência e agir para que a situação não se agravasse, o poder municipal foi lento na adoção de medidas que resolvessem efetivamente a situação crítica da lagoa.
O esvaziamento da lagoa, mesmo sem
ser a medida mais adequada, liberou os acessos para as praias. O caso da rua da
Xepa, onde a inundação trouxe prejuízos a bares e restaurantes, também foi
resolvido. A situação da Xepa era
crítica. Moradores e clientes estavam praticamente impedidos de transitar por ali.
Agora, que a lagoa escoou para
o mar, restam alguns ensinamentos.
Um deles é que a Prefeitura (e aí
também inclui administrações anteriores) tem que evitar construções em áreas da
lagoa. O outro é a necessidade de iniciativas práticas com mais rapidez e eficiência,
como a sugerida pelo Idema, sem esperar pela situação extrema - quando a força das águas provavelmente
forçou o rompimento da lagoa.
Outro importante ensinamento
deste episódio é a conscientização ambiental de grande parte dos moradores da
cidade, culminando com o fechamento, no braço, no domingo, da vala que havia sido aberta para a água escoar. A batalha em torno da Lagoa do Cardeiro será, sem dúvida, um marco
importante nas questões ambientais de São Miguel do Gostoso. Pelo jeito, nada na
questão ecológica vai ser como antes.
Uma certeza. A preservação da natureza em São Miguel do
Gostoso está em outro patamar. Com a batalha em torno da lagoa, ficou claro que
parte da população não vai mais aceitar que crimes ecológicos ocorram na cidade
sem que haja resistência.