Por Arão Oliveira (*)
O amplo crescimento econômico do Brasil, nos últimos 10 anos, tem induzido um maior dinamismo do brasileiro nas suas atividades diárias. Isso acontece tanto no estudo, como no trabalho –ou em ambas atividades. Mas parece que o preço desse crescimento econômico tem afetado outros aspectos da nossa população.
Desde 2006, o Ministério da Saúde iniciou uma pesquisa de abrangência nacional por inquérito telefônico (VIGITEL), com o objetivo de monitorar os fatores de risco para as chamadas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Alguns exemplos deste males: doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão e câncer.
O sedentarismo é considerado um desses fatores de risco, pois a prática regular de atividades físicas comprovadamente contribui com a redução da incidência de DCNTs, além de aumentar a disposição para as atividades do dia a dia (trabalho, estudos etc.) e melhorar a qualidade de vida de uma forma geral.
Pois bem, os resultados fornecidos pelo VIGITEL surpreendem negativamente. Para se ter uma idéia, na capital com maior percentual de indivíduos que se exercitam durante as horas de lazer, no Distrito Federal, esse índice atinge apenas 22,4% da população. Isso significa que quase 80% da população não praticam atividade físicas. Na cidade de São Paulo, esse índice cai para 13,7% -ou seja, são mais de 85% de paulistanos sedentários. É muita gente se levarmos em conta que São Paulo tem 11 milhões de habitantes. A pior capital foi Rio Branco (AC), com apenas 11,3% da população fisicamente ativa. Em Natal (RN), esse índice foi de 16,5%.
Mas o que mais chama atenção é quando os dados são apresentados por faixa etária. Parece haver uma queda progressiva na prática de atividades físicas no decorrer dos anos de cada indivíduo. Na faixa etária que vai dos 18-24 anos, 20,4% da população das capitais pesquisadas são ativos, enquanto na que vai dos 55-64 anos, apenas 13.1% fazem exercícios físicos.
Esse último dado deflagra uma situação inversa ao que cada vez mais é defendido pelas pesquisas médicas: o de que o exercício físico deve ser utilizado na atenuação dos efeitos do envelhecimento sobre a saúde. Por outro lado, pode ser o retrato de um ciclo vicioso perpetuado pelo próprio sedentarismo, ou seja, um estilo de vida sedentário predispõe o indivíduo a doenças que o incapacitem ainda mais para a atividade física.
Acho que essas informações nos mostram que a atividade física deve ser mais incentivada e também mais acessível em grandes centros urbanos, como nessas capitais pesquisadas. Um passo inicial importante foi esse diagnóstico fornecido pelo VIGITEL, uma ótima iniciativa do Ministério da Saúde.
Para saber mais sobre a pesquisa acesse: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1521
(*) Arão de Oliveira é professor de educação física especialista em reabilitação cardiovascular e fisiologia do exercício pelo InCor –HC/FMUSP e doutorando em neurociências pela UNIFESP. Possui certificação do American College of Sports Medicine em exercício clínico e também é personal trainer.
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