quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Em mais uma análise da eleição-2012, jornalista diz: "Midia derrotada mais uma vez pelo PT de Lula"



Por Emanuel Neri
É grande o número de artigos curiosos e esclarecedores  sobre a eleição municipal encerrada no último domingo. Prova de que este foi o fato político mais importante ocorrido este ano no Brasil. Mote destes artigos: quem ganhou e quem perdeu com esta eleição?
No artigo abaixo, o jornalista Ricardo Kotscho – com passagem pelos principais veículos de comunicação do país e atualmente no R7 – escreveu artigo em que analisa o comportamento da mídia em relação à eleição. Veja a análise do Kotscho, abaixo:



Por Ricardo Kotscho
Perderam para Lula em 2002.
Perderam para Lula em 2006.
Perderam para Lula e Dilma em 2010.
Perderam para Lula e Haddad em 2012.
A aliança contra Lula e o PT montada pelos barões da mídia reunidos no Instituto Millenium sofreu no domingo mais uma severa derrota.
Eles simplesmente não aceitam até hoje que tenham perdido o poder em 2002, quando assumiu um presidente da República fora do seu controle, que não os consultava mais sobre a nomeação do ministro da Fazenda, nem os convidava para saraus no Alvorada.
Pouco importa que nestes dez anos tenha melhorado a vida da grande maioria dos brasileiros de todos os níveis sociais, inclusive a dos empresários da mídia, resgatando milhões de brasileiros da pobreza e da miséria, e dando início a um processo de distribuição de renda que mudou a cara do País.
Lula e o PT continuam representando para eles o inimigo a ser abatido. Pensaram que o grande momento tinha chegado este ano quando o julgamento do mensalão foi marcado, como eles queriam, para coincidir com o processo eleitoral.
Uma enxurada de capas de jornais e revistas com quilômetros de textos criminalizando o PT e latifúndios de espaço sobre o julgamento nos principais telejornais nos últimos três meses, todas as armas foram colocadas à disposição da oposição para o cerco final ao ex-presidente, mas a bala de prata deu chabu.
Na noite de domingo, quando foram anunciados os resultados, a decepção deve ter sido grande nos salões da confraria do Millenium, como dava para notar na indisfarçada expressão de derrota dos seus principais porta-vozes, buscando explicações para o que aconteceu.
Passada a régua nos números, apesar de todos os ataques da grande aliança formada pela mídia com os setores mais conservadores da sociedade brasileira, o PT de Lula e Dilma saiu das urnas maior do que entrou, como o grande vencedor desta eleição.
"PT — O maior vencedor" é o título do quadro publicado pela Folha ao lado dos mapas das Eleições em todo o País. Segundo o jornal, o PT "foi o campeão em dois dos mais importantes critérios. Além de ter sido o mais votado no 1º turno (17,3 milhões), é o que irá governar para o maior número de eleitores".
De fato, com os resultados do segundo turno, o PT irá governar cidades com 37,1 milhões de habitantes, onde vive 20% do eleitorado do País. Com cidades habitadas por 30,6 milhões, o segundo colocado foi o PMDB, principal partido da base aliada.
"Em relação aos resultados das eleições de 2008, o total de eleitores governados por prefeitos petistas crescerá 29% em 2013, quando os eleitos ontem e no primeiro turno deverão assumir", contabiliza Ricardo Mendonça no mesmo jornal.
Do outro lado, aconteceu exatamente o contrário: "Já os partidos que fazem oposição ao governo Dilma Rousseff saem da eleição menores do que entraram. Na comparação com 2008, PSDB, DEM e PPS, os três principais oposicionistas, terão 309 prefeituras a menos. Puxados para baixo principalmente pelo DEM, irão governar para 10,5 milhões de eleitores a menos".
Curiosa foi a manchete encontrada pelo jornal "O Globo" para esconder a vitória do PT: "Partidos ficam sem hegemonia nas capitais". E daí? Quando, em tempos recentes, algum partido teve hegemonia nas capitais? Só me lembro da Arena, nos tempos da ditadura militar, que o jornal apoiou e defendeu, quando não havia eleições diretas.
O que eles estarão preparando agora para 2014? Sem José Serra, que perdeu de novo para um candidato do PT que nunca havia disputado uma eleição, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, eleito com 55,57% dos votos, terão que encontrar primeiro um novo candidato.
Ao bater de frente pela segunda vez seguida num "poste do Lula", o tucano preferido da mídia corre agora o risco de perder também a carteira de motorista.

3 comentários:

  1. Gosto do Partido do PT e do EX presidente Lula, mas perdeu a graça esse assunto, vira o disco meu amigo. Fala sério!!!!!!

    sem comentário...

    ResponderExcluir
  2. Tudo bem Emanoel mas a CPI de Marcos Valério, poderia ser chamada CPI do PT, como sabemos os maiores envolvidos no escândalo do mensalão todos são Petistas, que na época faziam parte do Governo do Lula, e aí o que você tem a dizer?.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Emanuel Neri: Prá início de conversa, não houve CPI do Marcos Valério. Houve CPI dos Correios, no qual os empréstimos feitos via Marcos Valério foram investigados. Mas é importante esclarecer que, bem antes do chamado Mensalão do PT, houve o Mensalão do PSDB, em Minas Gerais, na campanha de reeleição do tucano Eduardo Azeredo ao governo local. Isso ocorreu em 1998. Lamentavelmente estes crimes não foram ainda julgados. Só agora, o ministro Joaquim Barbosa vem afirmando que o Mensalão do PSDB também entrará na pauta do STF. Ocorre que, se não for julgado até o próximo ano, este crime prescreve - e aí tudo fica por isso mesmo. Pelo que já foi apurado, o Mensalão do PSDB é muito mais grave do que o do PT. Ah, lembrando também que falta o STF também aplicar o mesmo rigor com o Mensalão do DEM, que ocorreu em Brasília. Justiça, meu caro, tem que ser igual para todos - você concorda? Então vamos exigir que os mensalões do PSDB e do DEM também sejam julgados - e aguarda-se a mesma visibilidade que a mídia deu ao mensalão do PT.

      Excluir