E lá vem o ABC, como o RN, descendo ladeira abaixo

Por Emanuel Neri

Eu sempre torci pelo ABC de Natal. Quando era jovem, ia para o estádio, com bandeira e uniforme do time, para ver o “mais querido” jogar. Em São Paulo, como não tinha o ABC, segui as cores preta e branca e virei corintiano. Ambos são times de massa, do “povão”, como são chamados. Este ano voltei a me entusiasmar pelo ABC. Procurava os resultados do time na Internet, fazia cálculos e achava que o time ficaria entre os quatro primeiros colocados da série B do Brasileirão – portão de entrada para a Série A, a elite do futebol brasileiro. Pura ilusão.

 O ABC, de um tempo prá cá, começou a descer ladeira abaixo. Já está em 15º lugar, ali na beirinha do precipício para voltar para a Série C, no próximo ano. O que acontece com o ABC – e com o América também, que hoje já está na Série C – é um retrato do que acontece com outros setores, como o econômico e político, do Rio Grande do Norte. Aqui nada se leva muito a série, tudo é meio improvisado, bem ao “sabor do vento”. A impressão que se tem é que falta planejamento, organização, gestão e até seriedade em tudo o que se faz no Estado, inclusive no futebol.

O Rio Grande do Norte está sempre na rabeira de tudo o que se faz no Brasil e no Nordeste. É um dos Estados que menos cresce economicamente, que tem uma política atrasadíssima, clientelista e tristemente alienada. Exemplos? Vejam a eleição da Micarla para prefeita de Natal, em 2008. Um desastre para Natal, que poderia, como capital, dar um bom exemplo. Pernambuco, Ceará e Bahia –e até Estados menores do Nordeste, como Sergipe - estão anos luz à nossa frente na questão política e econômica. Resultado? São respeitados, atraíram investimentos, planejaram seu futuro e administram muito bem suas economias.

O que ainda salva o Rio Grande do Norte é o turismo. Mas isso se deu graças à natureza, que fez daqui uma região belíssima, e de investidores, que acreditaram no potencial do Estado. Mas as autoridades dão as costas para tudo isso. Vejam a questão da segurança pública no Estado, em especial nos pólos turísticos. Vejam a questão da ponte que liga Natal ao litoral Norte e que até hoje não tem acesso à BR-101. Vejam a obra do estádio da Copa 2014, atrasadíssima. Vejam a questão das estradas estaduais, uma desgraça só -  a RN-221, que liga a BR-101 a São Miguel do Gostoso, um dos maiores pólos turísticos potiguares, é uma buraqueira de dar dó.

Então está mais do que explicado mais este fracasso do ABC e do futebol potiguar.