Feira de São Miguel do Gostoso reabre neste sábado, com medidas de prevenção ao Covid-19. E Prefeitura abre mais uma vez a lagoa do Cardeiro para o mar

Por Emanuel Neri

Aos poucos, São Miguel do Gostoso começa a flexibilizar as medidas preventivas contra a propagação do Coronavirus (Covid-19). Neste próximo sábado (25 de abril), volta a funcionar, provisoriamente, a feira da cidade.

A feira será realizada no campo de futebol da cidade, conhecido por “Teixeirão”. Começará as 7h e será encerrada por volta das 11h.

Uma série de medidas foi adotada pela Prefeitura e feirantes para evitar aglomerações de pessoas, o que facilitaria a propagação do vírus. Uma delas é que a feira será no sábado e não na segunda, como costumeiramente acontece. O objetivo é que, no sábado, a feira conte só com feirantes locais.

Outra vantagem do sábado é que, neste dia, também estão acontecendo, provisoriamente, as feiras de cidades vizinhas, como Touros, João Câmara, Parazinho e Pedra Grande. Isso evita que feirantes de um município se desloquem para outras feiras das proximidades, diminuindo assim o número de bancas.

A feira deste sábado contará, no máximo, com 50 bancas. Com exceção da banca de carnes, todas as demais serão de feirantes de São Miguel do Gostoso, principalmente dos distritos onde tem agricultura familiar. A Prefeitura diz ter tomado medidas para evitar aglomerações entre feirantes e clientes.

Uma destas medidas é o distanciamento de uma banca para outra, em torno de 2 metros. A Vigilância Sanitária do Município estará na entrada de feira, com álcool em gel para uso das pessoas que cheguem à feira.  Além disso, há banheiros públicos e pias para que feirantes e clientes possam lavar as mãos.

O estádio “Teixeirão” fica por trás do ginásio de esportes, próximo ao Centro de Múltiplo Uso e da Escola Ana Ribeiro. Haverá controle na entrada do espaço da feira, para evitar aglomerações. Além disso, as pessoas vão entrar por um lado da feira e sair por outro. A feira havia sido suspensa há um mês. Os feirantes receberão kit de com alcool em gel.

Outras mudanças

Na semana passada, a Prefeitura já havia adotado outras medidas com o objetivo de flexibilizar as medidas de controle ao Coronavirus. Decreto baixado pelo prefeito Renato determina que as pousadas posam atender trabalhadores de empresas de energia eólica, mas só com 50% de seus quartos.

Foram adotadas outras medidas para proteger empregados de pousadas. Um deles é o uso de máscaras protetoras e de álcool em gel em vários ambientes destes estabelecimentos. Áreas de recreação, como piscinas e salão de jogos, não podem ser usadas, enquanto refeições só poderão ser servidas nos quartos.

Abertura da lagoa

Enquanto isso, uma outra medida da Prefeitura gera polêmica na cidade. No início da tarde desta quarta (22/4) máquinas do município abriram a chamada boca da barra da lagoa do Cardeiro, um dos mais bonitos cartões postais da cidade (foto). A água abriu uma enorme cratera sobre a duna, com grande quantidade de água escoando para o mar.

É claro que danos  ambientais também aconteceram. No meio da vala por onde a água escoava para o mar, apareceu um ninho de tartaruga. As águas arrastaram centenas de ovos para o mar, impedindo a reprodução de tartarugas.. É provável que outros ninhos tenham sido também arrastados pelas águas.

Pessoas que estavam na praia fotografaram os ovos de tartaruga sendo arrastados pelas águas. O fato já foi denunciado ao Idema, órgão ambiental do RN. A Prefeitura informou ter comunicado ao Idema sobre a abertura da lagoa. Mas este órgão informou a este blog desconhecer a ação da Prefeitura.

Não é a primeira vez que a Prefeitura manda abrir valas para que as águas da lagoa do Cardeiro escoem para o mar. Antigamente, este rompimento da lagoa era feito naturalmente. Nos últimos anos, porém, a Prefeitura se apressa e provoca o rompimento da lagoa, sem esperar que isso ocorra naturalmente.

Há soluções, sugeridas pelo próprio Idema, que poderiam ser adotadas ali, sem haver necessidade de abrir a lagoa com máquinas. A idéia é se fazer uma espécie de dique, que regularia a saída da água, na medida que a lagoa fosse enchendo. Mas, apesar da recomendação, infelizmente a Prefeitura ainda não adotou esta medida.

Quando a lagoa é aberta artificialmente, grande parte da água da lagoa escoa para o mar. Com isso, peixes e camarões da lagoa são levados pelas águas. Além disso, como a água baixa muito, surge forte odor no entorno da lagoa, que prejudica os moradores que moram nos bairros do Cardeiro e Santo Cristo.
Enfim, faz tempo que parte dos moradores de São Miguel do Gostoso reclama do descaso da Prefeitura e de funcionários municipais, como o engenheiro Fernando Castro, para adotar medidas que não causem danos ambientais à lagoa do Cardeiro. Castro é também gestor da orla e deveria ser o primeiro a recomendar ações que não prejudicassem o meio ambiente local.
É fato que gestões anteriores se preocupavam mais com a lagoa do Cardeiro. Mas, entra ano e sai ano, e a atual gestão sempre faz o mesmo: quando a água da lagoa sobe muito , a Prefeitura manda tratores abrir uma enorme vala , fazendo com que toda aquela beleza desapareça em pouco tempo. Quase sempre, resta só o leito vazio da lagoa, com muita lama, enquanto toda a vida que existia antes na lagoa morre ou vai para o mar.
E assim, aos poucos, São Miguel do Gostoso vai perdendo, ano a ano, um de seus maiores tesouros ambientais e uma das suas principais atrações turísticas. Lamentável o que esta acontecendo com a lagoa do Cardeiro.