São Miguel do Gostoso determina fechamento de bares e restaurantes nos finais de semana, gerando reclamação de turistas e de empresários do turismo

 Por Emanuel Neri

Confusão com o decreto da Prefeitura de São Miguel do Gotoso sobre as novas restrições para tentar controlar a nova onda da Covid-19.

O decreto municipal, de um modo geral, acompanhou as determinações do decreto estadual, baixado pela governadora Fátima Bezerra, que determinou, entre outras medidas, o toque de recolher, entre 22h e 5h, para evitar aglomeração de pessoas nas ruas.

Mas, no caso de São Miguel do Gostoso, que é uma cidade turística, o que pegou mal foi um dos artigos do decreto, o de número 6, que obriga os restaurantes e bares a fecharem nos finais de semana. Atendimento ao público só no esquema delivery, com entrega a domicílio.

Com isso, o último final de semana, principalmente no domingo,  foi de muita reclamação de turistas que estavam na cidade e não tinham onde comer, bem como de proprietários de restaurantes e bares que não puderam abrir suas portas para atendimento dos clientes. Até a praia do Tourinhos ficou fechada.

Realmente é estranho que, numa cidade turística, o turista não tenha onde almoçar ou jantar porque os restaurantes estão todos fechados. Em outras cidades, como Touros e Natal, restaurantes não foram obrigados a fechar suas portas. Mas cumpriram outras determinações do toque de recolher.

Empresários do turismo local  temem que, com o fechamento de restaurantes, o turista comece a cancelar reservas em pousadas enquanto durar esta proibição. De fato, isso já está acontecendo. Algumas pousadas já estão recebendo pedidos de cancelamento. Com os restaurantes fechados, e as pousadas vazias, há riscos de desemprego na cidade.

São Miguel do Gostoso, aparentemente, foi mais rigoroso na elaboração de seu último decreto sobre a Covid, o que levou muita gente, principalmente donos de restaurantes, a reclamar do prefeito nas redes sociais. Na manhã desta segunda (1/3), houve protesto de empresários em frente à Prefeitura local.

Não tinha ninguém para receber os empresários que foram à bater à porta da Prefeitura. Mas um documento do setor foi encaminhado a autoridades municipais. O presidente da Câmara, Azenate Câmara, reconhece que há excessos no decreto e está intermediando um entendimento para flexibilizar o decreto.

E há lógica na reclamação dos empresários. Há uma diferença básica entre toque de recolher o lockdown, quando funcionam apenas os serviços essenciais (farmácias, supermercados, entre outros). No toque de recolher, tudo fica fechado a partir do horário estabelecido (22h).

Os prefeitos têm autonomia para estabelecer as regras do que funciona e do que não funciona. No caso de Natal, a Prefeitura local manteve restaurantes abertos, especialmente os que estão fora da orla. Colado a São Miguel do Gostoso, a praia de Monte Alegre, no município de Touros, seus restaurantes funcionaram normalmente.

Algo então está errado. O que a Prefeitura de São Miguel do Gostoso tem que fazer é exigir distanciamento de mesas em restaurantes e adotar outras medidas sanitárias, mas fechar os estabelecimentos nos finais de semana parece mesmo um excesso que tende a prejudicar o turismo local.

Pelo decreto local, restaurantes podem funcionar de segunda a sexta, até 22h, quando devem fechar suas portas, por causa do toque de recolher. O fato é que não há grandes diferenças entre o funcionamento destes estabelecimentos durante a semana e nos finais de semana. Talvez só o aumento de clientes.

Toque de recolher é toque de recolher e, portanto, deve ser respeitado.

São Miguel do Gostoso está preocupado sim com a nova onda da Covid e quer contribuir com medidas que diminuam sua propagação. Mas sem excessos. O bom senso deve prevalecer e, adotando-se medidas sanitárias mais rígidas, talvez não haja necessidade de fechar restaurantes nos finais de semana.