Por Emanuel
Neri
Perguntas:
Quais são os impactos de
mudanças em uma sociedade que há anos está acostumada com um determinado estilo
de vida?
O que fazer quando são
criadas regras de aprimoramento no comportamento de pessoas acostumadas a
hábitos e costumes diferentes?
Como conviver com estas
mudanças, se adaptar a elas e viver dentro de uma estrutura de ordem mais rígida, mas que são do interesse de
todos?
Estas
perguntas
são feitas em função de mudanças sociais e econômicas que estão ocorrendo na
Rocinha, no Rio, a maior favela do Brasil, com 70 mil habitantes, desde que a
polícia implantou ali a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), no ano passado.
De uma hora para
outra, a Rocinha (foto, noturna) teve que se adaptar ao que o governo do Rio chama de “choque
de ordem”. Com o policiamento ostensivo na favela, traficantes que viviam ali
fugiram e outros foram presos. A vida na Rocinha passou a ser outra.
A jornalista Mônica
Bergamo, em sua coluna na Folha de S. Paulo deste domingo (3/3), aborda a
mudança de hábitos e costumes naquela favela. Por exemplo. Antes da UPP, havia
bailes funks todos os dias. Agora os bailes são submetidos a regras de segurança.
Com os bailes – reforçados
pelos” paredões de som”, que faziam festa em qualquer esquina -, existiam lojas que
vendiam roupas específicas para estas festas e salões de beleza para preparar
as jovens, com “chapinha” e maquiagem, para os bailes.
Como a polícia
passou a controlar os bailes – só funcionam com autorização e respeitando
normas de segurança -, estes eventos praticamente acabaram. Com a diminuição dos
bailes, o negócio com roupas e cabelos funks também caiu.
Agora a Rocinha vê
florescer outro tipo de negócio, como hotéis e até cursos de Yoga. O pacificação
da Rocinha pela polícia trouxe outros hábitos para a população local. Som, fumaça
de churrasco em laje – tudo é motivo para se acionar a polícia.
E a população da Rocinha
está absolutamente feliz com o “choque de ordem” na favela. Agora existem
regras, que toda a população tem que obedecer. E a comunidade, feliz, foi em
busca de novos negócios, todos dando muito certo.
Excluindo a presença de
traficantes, o modelo que reinava na Rocinha é parecido com o de muitas cidades
brasileiras. E aí também pode ser incluída São Miguel do Gostoso, com as mudanças que têm sido feitas para a “modernização”
da cidade.
São Miguel do
Gostoso,
a exemplo da Rocinha, também tem bailes barulhentos e “paredões” de som que
infernizam a vida da população. Quando a polícia, a pedido de moradores, chega
para controlar este tipo de excesso, é um Deus nos acuda.
Há gritaria e
insatisfação dos responsáveis por estes abusos com a ação da polícia. Mas a
vida em sociedade é assim mesmo. Tem que haver normas para que uma minoria não queira
ditar suas regras e submeter a maioria aos seus caprichos.
Como os "paredões" de som, o
trânsito na orla urbana de São Miguel do Gostoso também é um exemplo de que
deve haver regras para que uma minoria – neste casos, motoristas exibicionistas,
muitos embriagados – não exponham a riscos os que estão nas praias.
É assim que as
sociedades evoluem. Ordem tem que existir – e vale para todos.
A Rocinha evoluiu. Os
bailes funks estão controlados, já não há mais tanto abuso com som e outros
costumes que atormentavam a população local. Assim também está acontecendo em
outras cidades, que experimentam estilos mais modernos de viver.
Embora com situações
bastante distintas da Rocinha, São Miguel do Gostoso também está mudando e se
adaptando a novas regras de civilidade. É importante que a população entenda
que, sem ordem e regras, a cidade não cresce nem evolui.
Ordem e regras - na
Rocinha, São Miguel do Gostoso ou em qualquer outra cidade que queira crescer de
forma equilibrada – ajudam qualquer sociedade a dar seu salto de qualidade e
fazem com que a população passe a viver de forma mais harmoniosa.
Veja, abaixo,
links para “Fim de Festa”, da jornalista Mônica Bergamo, sobre as mudanças na
Rocinha, bem como dados sobre aquela favela do Rio.
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