domingo, 3 de março de 2013

Rocinha, Rio, vive 'choque de ordem" e muda hábitos. São Miguel do Gostoso também passa por mudanças


Por Emanuel Neri
Perguntas:
Quais são os impactos de mudanças em uma sociedade que há anos está acostumada com um determinado estilo de vida?
O que fazer quando são criadas regras de aprimoramento no comportamento de pessoas acostumadas a hábitos e costumes diferentes?
Como conviver com estas mudanças, se adaptar a elas e viver dentro de uma estrutura de ordem  mais rígida, mas que são do interesse de todos?
Estas perguntas são feitas em função de mudanças sociais e econômicas que estão ocorrendo na Rocinha, no Rio, a maior favela do Brasil, com 70 mil habitantes, desde que a polícia implantou ali a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), no ano passado.
De uma hora para outra, a Rocinha (foto, noturna) teve que se adaptar ao que o governo do Rio chama de “choque de ordem”. Com o policiamento ostensivo na favela, traficantes que viviam ali fugiram e outros foram presos. A vida na Rocinha passou a ser outra.
A jornalista Mônica Bergamo, em sua coluna na Folha de S. Paulo deste domingo (3/3), aborda a mudança de hábitos e costumes naquela favela. Por exemplo. Antes da UPP, havia bailes funks todos os dias. Agora os bailes são submetidos a regras de segurança.
Com os bailes – reforçados pelos” paredões de som”, que faziam festa em qualquer esquina -, existiam lojas que vendiam roupas específicas para estas festas e salões de beleza para preparar as jovens, com “chapinha” e maquiagem, para os bailes.
Como a polícia passou a controlar os bailes – só funcionam com autorização e respeitando normas de segurança -, estes eventos praticamente acabaram. Com a diminuição dos bailes, o negócio com roupas e cabelos funks também caiu.
Agora a Rocinha vê florescer outro tipo de negócio, como hotéis e até cursos de Yoga. O pacificação da Rocinha pela polícia trouxe outros hábitos para a população local. Som, fumaça de churrasco em laje – tudo é motivo para se acionar a polícia.
E a população da Rocinha está absolutamente feliz com o “choque de ordem” na favela. Agora existem regras, que toda a população tem que obedecer. E a comunidade, feliz, foi em busca de novos negócios, todos dando muito certo.
Excluindo a presença de traficantes, o modelo que reinava na Rocinha é parecido com o de muitas cidades brasileiras. E aí também pode ser incluída São Miguel do Gostoso, com  as mudanças que têm sido feitas para a “modernização” da cidade.
São Miguel do Gostoso, a exemplo da Rocinha, também tem bailes barulhentos e “paredões” de som que infernizam a vida da população. Quando a polícia, a pedido de moradores, chega para controlar este tipo de excesso, é um Deus nos acuda.
Há gritaria e insatisfação dos responsáveis por estes abusos com a ação da polícia. Mas a vida em sociedade é assim mesmo. Tem que haver normas para que uma minoria não queira ditar suas regras e submeter a maioria aos seus caprichos.
Como os "paredões" de som, o trânsito na orla urbana de São Miguel do Gostoso também é um exemplo de que deve haver regras para que uma minoria – neste casos, motoristas exibicionistas, muitos embriagados – não exponham a riscos os que estão nas praias.
É assim que as sociedades evoluem. Ordem tem que existir – e vale para todos.
A Rocinha evoluiu. Os bailes funks estão controlados, já não há mais tanto abuso com som e outros costumes que atormentavam a população local. Assim também está acontecendo em outras cidades, que experimentam estilos mais modernos de viver.
Embora com situações bastante distintas da Rocinha, São Miguel do Gostoso também está mudando e se adaptando a novas regras de civilidade. É importante que a população entenda que, sem ordem e regras, a cidade não cresce nem evolui.
Ordem e regras - na Rocinha, São Miguel do Gostoso ou em qualquer outra cidade que queira crescer de forma equilibrada – ajudam qualquer sociedade a dar seu salto de qualidade e fazem com que a população passe a viver de forma mais harmoniosa.  
Veja, abaixo, links para “Fim de Festa”, da jornalista Mônica Bergamo, sobre as mudanças na Rocinha, bem como dados sobre aquela favela do Rio.

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