quarta-feira, 27 de março de 2013

Empregados domésticos brasileiros passam a ter os mesmos direitos garantidos aos demais trabalhadores



Por Emanuel Neri
Finalmente se fez justiça ao trabalhador doméstico no Brasil. Na noite desta terça-feira (26/3), o Senado aprovou, de forma definitiva, o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) que amplia os direitos dos trabalhadores domésticos do país.
Mais do que ampliar os direitos, a nova lei aprovada, que entrará em vigor no próximo dia 2 de abril, iguala os direitos trabalhistas dos empregados domésticos ao direito dos demais trabalhadores brasileiros. Os benefícios passam a valer de forma igual para todos os trabalhadores do país.
Nos últimos anos, já haviam sido aprovados alguns direitos destes trabalhadores,  como pagamento do salário mínimo, décimo terceiro salário, repouso semanal remunerado, férias, licença maternidade/paternidade, aviso prévio e aposentadoria.
A partir de agora, haverá controle da jornada de trabalho, com limite de oito horas diárias e 44 horas semanais. Também serão pagas horas extras – valor mínimo de 50% acima da hora normal -, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) obrigatório e seguro desemprego.
A nova lei vai beneficiar mais de sete milhões de trabalhadores, 97% deles são Hoje mulheres. Estão incluídos nestes benefícios todos aqueles que prestam serviços domésticos, como cozinheiras, arrumadeiras, jardineiros, motoristas, cuidadores de idosos e babás.
Exclui-se destas novas determinações apenas aqueles trabalhadores chamados de “diaristas”, ou seja, os que prestam serviços não de forma continuada. São aqueles que trabalham apenas uma ou duas vezes por semana em uma casa ou para famílias.
Mais que isso, fica determinado vínculo empregatício –e o trabalhador tem que receber todos os seus benefícios aprovados pela nova lei. É provável que, mesmo os chamados “diaristas”, também passem a contar com algum benefício com a nova lei.
No Brasil, o trabalho doméstico passou séculos sem ser reconhecido como profissão e não gozar de direitos trabalhistas.  É como se eles pertencessem a uma classe inferior, que não merecessem os mesmos benefícios dos demais trabalhadores.  
Nos últimos anos, em especial durante o governo Lula, começou a mudar a feição do trabalhador doméstico. Hoje qualquer empregado que presta serviço regular em casas de família pode reivindicar seus direitos e exigir sua imediata contratação.
Antes não era assim. Como muitas vezes dormiam nas casas em que trabalhavam, estes trabalhadores tinham carga horária maior do que o trabalhador comum e não ganhavam o correspondente a este trabalho adicional. Isso não pode mais ocorrer.
Mais do que isso, havia trabalhadores que não eram sequer remunerados. Trabalhavam em casas de família apenas em troca de moradia e de alimentação. Era quase como se vivesse num regime de escravatura, sendo explorados ao limite.
Hoje, qualquer trabalhador que se sentir explorado pelos patrões e não tiver seus direitos cobertos pela nova lei, pode procurar a delegacia regional do Ministério do Trabalho e reivindicar seus direitos. Vai receber todo o benefício a que tem direito.
É claro que os novos benefícios vão encarecer o trabalho doméstico. Mas isso faz parte do processo de conquistas sociais e trabalhistas a que todo o trabalhador tem direito. Mas já há quem discorde e ache que a nova lei vai acabar com a profissão.
É uma grande bobagem pensar desta forma. Como nos outros países, onde este tipo de mão de obra é mais cara, no Brasil nem todos vão ter as mesmas condições de  pagar por este tipo de serviço. É justo que o doméstico tenha direitos garantidos.  
Quando a Lei Áurea aboliu a escravatura, no dia 13 de maio de 1888, havia também quem achasse que a economia brasileira iria se transformar em ruínas porque não havia mais a mão-de-obra gratuita dos escravos. O raciocínio agora é semelhante.
A extensão dos direitos trabalhistas dos demais trabalhadores aos empregados domésticos já chega até atrasada no Brasil. Já deveria ter sido aprovada antes. Agora cabe às famílias se adaptarem à nova lei, remunerando empregados de forma digna.
Veja, nos links abaixo, informações sobre a nova lei, além de perguntas e respostas sobre a abrangência dos novos direitos trabalhistas e análises de quem acha que a nova legislação sobre o trabalhador doméstico vai acabar com este tipo de profissão.

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