Fátima demonstra força política, se reelege em primeiro turno para governo com quase 60% dos votos e sai das urnas como principal liderança do RN

Por Emanuel Neri

E a governadora potiguar Fátima Bezerra (PT) saiu das urnas do último domingo como a maior liderança política (e eleitoral) do Rio Grande do Norte.

Com quase 60% dos votos no primeiro turno da eleição, Fátima ganhou na totalidade dos 167 município do Estado. Não se tem notícia de outro governador/a que tenha, no período democrático do país, ter a maioria dos eleitores em todos os municípios do RN.

Para chegar a esta performance eleitoral, Fátima usou estratégias políticas em que puxou, para seu campo de apoio, nomes que poderiam criar alguma dificuldade na sua reeleição. É como se ela tivesse limpado e preparado o terreno para ganhar facilmente a eleição.

A estratégia política de Fátima incluiu parte da família Alves, como o ex-governador Garibaldi Filho e seu filho, Walter Alves, eleito vice-governador na sua chapa. Mas Garibaldi, que concorreu pelo PMDB, foi bem votado, mas não conseguiu se eleger deputado federal.

Outro lance da estratégia de Fátima foi atrair para seu campo político o ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, que concorreu ao governo com ela em 2018. Carlos Eduardo disputou o Senado, mas foi derrotado por Rogério Marinho, candidato de Bolsonaro.

Pelo menos nos próximos anos a governadora Fátima vai reinar absoluta na política do RN, principalmente em caso de vitória de Lula na eleição em segundo turno para presidente, no próximo dia 30. Se Bolsonaro ganhar, Fátima pode ter algum tipo de problema pela frente.

E um deles pode ser o fortalecimento de Rogério Marinho para a disputa do governo do Estado, em 2026, quando Fátima não pode mais ser candidata a um novo mandato. Como todo governante, Fátima sonha em eleger alguém de seu grupo político para sucedê-la.

Fátima é a terceira mulher a governar o Rio Grande do Norte. Antes dela, foram eleitas Wilma de Faria e Rosalba Ciarlini. A exemplo de Fátima, Wilma também se elegeu por dois mandatos. No Brasil, outro caso de reeleição feminina foi Roseana Sarney, no governo do Maranhão.

Fátima tem sido hábil no comando do governo potiguar. Organizou as contas do Estado, mesmo tendo que pagar três folhas de salários  de servidores que seu antecessor, Robinson Faria, não pagou. Não fez grandes obras, o que promete fazer neste seu segundo mandato.

Próximos passos

Professora, formada em pedagogia, Fátima se elegeu, sempre com boas votações, para quase todos os cargos que se candidatou no RN. Foi deputada estadual e federal, senadora e, agora, reeleita governadora para um segundo mandato.

Qual será o próximo passo político de Fátima, depois de deixar o governo, em janeiro de 2027?

Para quem conhece Fátima mais de perto, dificilmente ela abrirá mão de mais um voo político. Talvez novamente o Senado. Mas, antes disso, vai querer preparar terreno, até 2026, para fazer seu sucessor (ou sucessora) para o governo do Rio Grande do Norte.