Por
Emanuel Neri
E
São Miguel do Gostoso deve ganhar, a
partir de 2021, importante atração turística, ampliando as alternativas de
passeios para o turista que visita a cidade.
Trata-se
da Praia do Marco, no limite do
município de São Miguel do Gostoso com Pedra Grande. O local faz parte das quatro
áreas públicas do Rio Grande do Norte definidas pelo Ministério do Turismo com “grande
potencial turístico”. Serão repassadas à iniciativa privada para exploração
comercial.
Além
da Praia do Marco (foto acima), as demais áreas
potiguares incluídas na lista do Ministério do Turismo são o Forte dos Reis
Magos, em Natal, e o Parque dos Mangues, na margem esquerda (direção ao mar) do
rio Potengi, também na capital potiguar. A última área é a Árvore do Amor, praia
de Maxaranguape.
A
Praia do Marco foi incluída na
relação do Ministério de Turismo devido à sua importância histórica. Foi ali
que aportou, em 1501, a primeira expedição colonizadora de Portugal ao Brasil, um
ano após o descobrimento, por Pedro Álvares Cabral, em 1500. No local foi
deixado um marco, daí o nome da praia.
A
chegada dos portugueses à praia do
Marco é fartamente documentada. A expedição era comandada por Gaspar de Lemos,
mas dela fazia parte o navegador Américo Vespúcio, que escreveu documentos a
respeito da chegada ao Brasil. Depois do Marco, a expedição seguiu em direção
ao sul do país.
Apesar
da importância da Praia do
Marco para a história do Brasil, até agora não há ali nenhuma estrutura que
receba o turista e explique a importância histórica do local. Até mesmo o marco,
de pedra, com símbolos da coroa portuguesa, deixada no local, hoje está no
Forte dos Reis Magos, em Natal.
Na Praia
do Marco existe apenas
uma réplica da pedra original. São Miguel do Gostoso já fez campanha para
trazer o marco original de volta, mas não conseguiu. Só agora, com a estrutura
turística e histórica que o local vai receber, é bem provável que o marco original
volte para aquela praia.
A
pergunta que se faz é se a
iniciativa do Ministério do Turismo é importante para resgatar a história do
marco colonial deixada naquela praia há mais de 500 anos. É claro que sim. Até agora, o poder público
não se preocupou em dar a devida importância histórica ao local. Mas esta
história pode mudar.
Se
for mesmo entregue à iniciativa
privada, como quer o Ministério do Turismo, a Praia do Marco poderá contar com
uma espécie de memorial para contar, com mapas e documentos, a importância do
local na história do Brasil e o início da colonização da terra brasileira, descoberta
pelos portugueses.
Com
esta iniciativa, ganha a
história do Brasil e também São Miguel do Gostoso, que passará a contar com
importante destino para os turistas que visitam a cidade. Mais do que isso, o
memorial (ou museu) da Praia do Marco passará a ser mais uma atração para
aumentar o fluxo turístico do município.
O Ministério
do Turismo deve aumentar o
número de áreas de interesse turístico, em todo o Brasil, que podem ser
entregues à iniciativa privada para exploração comercial e turística. Ao todo,
o projeto, que vai receber o nome de Revive Brasil, deve incluir 222 áreas em
pelo menos 17 Estados brasileiros.
Em
outros países, já existem projetos
deste tipo. É comum governos fazerem parcerias com a iniciativa privada para
que sejam exploradas áreas de interesse turístico. É claro que, neste tipo de
parceria, passarão a ser cobrados o acesso para que o público possa visitar estes
locais.
A cobrança
pelo acesso é a
forma de compensação para que a iniciativa privada invista nestes locais.
Mas
o pagamento para estes acessos
tem suas vantagens. Pelo menos o local será dotado de informações adequadas
sobre a importância de cada monumento. Além disso, este locais contarão com boa
infra-estrutura de acesso e equipamentos
para que o turista se sinta confortável na sua vista.
A
reestruturação da Praia do Marco
será, portanto, um fato positivo para a história do Brasil e para o turismo de
São Miguel do Gostoso.