terça-feira, 11 de setembro de 2018

Nova pesquisa eleitoral aponta para provável disputa final entre Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT)


Por Emanuel Neri
A quatro semanas da eleição presidencial, o cenário eleitoral brasileiro começa a se definir melhor. Pesquisa Datafolha, divulgada na noite da segunda-feira (10/9), sinaliza para algumas conclusões sobre a eleição que será realizada no próximo dia 7 setembro.
A pesquisa Datafolha, do jornal Folha de S. Paulo, apurou o impacto no eleitorado provocado por pelo menos três importantes fatos políticos ocorridos nos últimos dias no Brasil. Os três tiveram grande repercussão de mídia.
O primeiro destes fatos foi a decisão da Justiça Eleitoral de impedir a candidatura do ex-presidente Lula. O segundo foi o efeito do horário eleitoral em programas de rádio e TV. Por último, houve o lamentável atentado contra o candidato Jair Bolsonaro (PSL), ferido à faca na última quinta (6/9), em Juiz de Fora (MG).
E o que é possível deduzir destes três acontecimentos sob a luz da pesquisa do Datafolha?  Veja a seguir os cenários eleitorais após esta importante pesquisa:
1)Mesmo preso, o ex-presidente Lula continua sendo a maior liderança política do país. Se continuasse candidato, tinha tudo para ganhar no primeiro turno. Impedido de se candidatar, Lula já começou a transferir seus votos para o candidato indicado por ele, Fernando Haddad (foto acima), ex-prefeito de São Paulo.
2)O horrível atentado à faca contra Bolsonaro não causou a comoção que seus aliados esperavam. O candidato subiu apenas dois pontos na pesquisa, de 22% para 24%, e viu sua taxa de rejeição subir quatro pontos - de 39% para 43%. Na simulação do segundo turno, Bolsonaro perde para todos os candidatos.
3)O enorme espaço de tempo que dispõe no horário eleitoral não favoreceu Geraldo Alckmin (PSDB), ex-governador de São Paulo. Alckmin subiu apenas 1 ponto percentual, passando de 9% para 10%. Isso é muito pouco para quem dispõe de quase 50% do tempo de rádio e TV, comparado aos demais candidatos.
4)A candidatura de Marina Silva (Rede) está derretendo. Ela caiu de 16% para 11% no Datafolha. Dificilmente Marina vai chegar ao segundo turno da eleição, colecionando sua terceira derrota seguida em eleições presidenciais. Além de cair 5 pontos, o que não é pouco, Marina é a segunda mais rejeitada, com 29%.
De todos os candidatos, o quadro mais favorável talvez seja o de Fernando Haddad (PT). Somente na tarde desta terça (11/9) Haddad foi oficializado, em Curitiba, como candidato do PT – em lugar de Lula, impedido de concorrer.  Ainda desconhecido do eleitorado, Haddad mais que dobrou sua intenção de voto.
O agora candidato oficial do PT passou de 4% para 9% na pesquisa do Datafolha e já empata, dentro da margem de erro do levantamento, com todos os candidatos que lutam para chegar ao segundo turno, em disputa provável  com Bolsonaro. Ciro Gomes (PDT), tem 13%, Marina, 11%, e Alckmin, 10%.
Apesar de ser pouco conhecido, Haddad pode arrastar para ele grande parte do eleitorado de Lula – antes da decisão da Justiça, o ex-presidente tinha  quase 40% de intenção de voto. Na pesquisa do Datafolha, 33% do eleitorado diz que votará “com certeza” no candidato de Lula, enquanto 16% diz que “talvez vote”.
Se esta transferência de votos de Lula para Haddad se concretizar, o PT tem tudo para chegar ao segundo turno e disputar, com muita chance de vitória, a eleição presidencial com Bolsonaro.   Haddad começou a crescer forte entre o eleitorado pobre e o do Nordeste, exatamente os maiores redutos eleitorais de Lula.
A partir de agora, que Haddad vai assumir de vez, no rádio e na TV, sua candidatura a presidente, tendo Manuela D' ávila (PC do B), como vice, o ex-prefeito de São Paulo tem grande chance de crescer nas pesquisas e se aproximar de Bolsonaro. Pode até ser o mais votado no primeiro turno.
O crescimento de Haddad nas pesquisas, que até então era um desconhecido para o eleitor do resto do país (exceção de São Paulo, onde foi prefeito) mostra que o PT pode ganhar sua quinta eleição presidencial. Antes, ganhou com Lula (2002 e 2006) e Dilma (2010 e 2014), deposta em 2016 por um golpe parlamentar.
Tem mais. Se Haddad ganhar, vai ficar comprovado que, mesmo na cadeia, Lula será capaz de eleger um presidente da República. Isso é mais que uma prova da enorme popularidade e da inquestionável liderança política de Lula no país.
Lula, sem dúvida, faz parte da história do Brasil como o maior e mais popular político (e presidente) que o país já teve.
Veja, a seguir, mais informações sobre a pesquisa do Datafolha, bem como análises e desdobramentos da campanha presidencial, inclusive recente pesquisa Ibope, que foi divulgada na noite desta terça-feira (11/9).