Por Emanuel Neri
A quatro semanas da eleição
presidencial, o cenário eleitoral
brasileiro começa a se definir melhor. Pesquisa Datafolha, divulgada na noite da segunda-feira (10/9), sinaliza para algumas conclusões sobre a eleição que será realizada no próximo dia 7
setembro.
A pesquisa Datafolha, do jornal Folha de S. Paulo, apurou o impacto no
eleitorado provocado por pelo menos três importantes fatos políticos ocorridos nos últimos
dias no Brasil. Os três tiveram grande repercussão de mídia.
O primeiro destes fatos foi a
decisão da Justiça Eleitoral de impedir a candidatura do ex-presidente Lula. O
segundo foi o efeito do horário eleitoral em programas de rádio e TV. Por
último, houve o lamentável atentado contra o candidato Jair Bolsonaro (PSL), ferido à faca
na última quinta (6/9), em Juiz de Fora (MG).
E o que é possível deduzir
destes três acontecimentos sob a luz da pesquisa do Datafolha? Veja a seguir os
cenários eleitorais após esta importante pesquisa:
1)Mesmo preso, o ex-presidente Lula continua sendo a maior
liderança política do país. Se continuasse candidato, tinha tudo para ganhar no primeiro
turno. Impedido de se candidatar, Lula já começou a transferir seus votos para
o candidato indicado por ele, Fernando Haddad (foto acima), ex-prefeito de São Paulo.
2)O horrível atentado à faca
contra Bolsonaro não causou a comoção que seus aliados esperavam. O candidato subiu
apenas dois pontos na pesquisa, de 22% para 24%, e viu sua taxa de rejeição
subir quatro pontos - de 39% para 43%. Na simulação do segundo turno, Bolsonaro
perde para todos os candidatos.
3)O enorme espaço de tempo
que dispõe no horário eleitoral não favoreceu Geraldo Alckmin (PSDB),
ex-governador de São Paulo. Alckmin subiu apenas 1 ponto percentual, passando
de 9% para 10%. Isso é muito pouco para quem dispõe de quase 50% do tempo de rádio
e TV, comparado aos demais candidatos.
4)A candidatura de Marina Silva
(Rede) está derretendo. Ela caiu de 16% para 11% no Datafolha. Dificilmente
Marina vai chegar ao segundo turno da eleição, colecionando sua terceira
derrota seguida em eleições presidenciais. Além de cair 5 pontos, o que não é
pouco, Marina é a segunda mais rejeitada, com 29%.
De todos os candidatos, o quadro
mais favorável talvez seja o de Fernando Haddad (PT). Somente na tarde desta
terça (11/9) Haddad foi oficializado, em Curitiba, como candidato do PT – em lugar de Lula,
impedido de concorrer. Ainda
desconhecido do eleitorado, Haddad mais que dobrou sua intenção de voto.
O agora candidato oficial do
PT passou de 4% para 9% na pesquisa do Datafolha e já empata, dentro da margem
de erro do levantamento, com todos os candidatos que lutam para chegar ao segundo
turno, em disputa provável com Bolsonaro. Ciro Gomes (PDT), tem 13%,
Marina, 11%, e Alckmin, 10%.
Apesar de ser pouco conhecido, Haddad
pode arrastar para ele grande parte do eleitorado de Lula – antes da decisão da
Justiça, o ex-presidente tinha quase 40%
de intenção de voto. Na pesquisa do Datafolha, 33% do eleitorado diz que votará “com
certeza” no candidato de Lula, enquanto 16% diz que “talvez vote”.
Se esta transferência de votos de
Lula para Haddad se concretizar, o PT tem tudo para chegar ao segundo turno e
disputar, com muita chance de vitória, a eleição presidencial com
Bolsonaro. Haddad começou a crescer forte entre o
eleitorado pobre e o do Nordeste, exatamente os maiores redutos eleitorais de Lula.
A partir de agora, que Haddad
vai assumir de vez, no rádio e na TV, sua candidatura a presidente, tendo Manuela
D' ávila (PC do B), como vice, o ex-prefeito de São Paulo tem grande chance de
crescer nas pesquisas e se aproximar de Bolsonaro. Pode até ser o mais votado
no primeiro turno.
O crescimento de Haddad nas
pesquisas, que até então era um desconhecido para o eleitor do resto do país
(exceção de São Paulo, onde foi prefeito) mostra que o PT pode ganhar
sua quinta eleição presidencial. Antes, ganhou com Lula (2002 e 2006) e Dilma
(2010 e 2014), deposta em 2016 por um golpe parlamentar.
Tem mais. Se Haddad ganhar, vai ficar comprovado que, mesmo na
cadeia, Lula será capaz de eleger um presidente da República. Isso é mais que uma prova da enorme popularidade e da inquestionável liderança política de Lula no país.
Lula, sem dúvida, faz parte da história do Brasil como o maior e mais popular político (e presidente) que o país já teve.
Veja, a seguir, mais informações sobre a pesquisa do Datafolha,
bem como análises e desdobramentos da campanha presidencial, inclusive recente
pesquisa Ibope, que foi divulgada na noite desta terça-feira (11/9).