O que dizer a mais de uma greve que
paralisou o país, causou prejuízos de bilhões de reais e afetou duramente a
população brasileira, indistintamente, em todo o território nacional?
A greve dos caminhoneiros, que só
agora dá sinais de que está sendo dissipada, causou colapso sem precedentes no
abastecimento do país. Além da falta de combustível nos postos, supermercados e
farmácias também ficaram com parte de suas prateleiras vazias. Faltou quase
tudo no país.
São Miguel do Gostoso não ficou
de fora deste estrago. A cidade ficou sem combustível, sem gás de cozinha e até
sem garrafões de água mineral. Na sexta
(25/5), motoristas de taxis e vans bloquearam a entrada da cidade.
O turismo local, que já enfrentava problemas com a
baixa estação, também sofreu impacto com o desabastecimento. Por falta de
combustível, muitos turistas cancelaram suas reservas para este feriado de 31
de maio.
E quem foi responsável para que
esta greve causasse tanto estrago?
Analistas responsabilizam o governo de
Michel Temer (MDB). Sem respaldo da população (rejeição de mais de 80% dos
brasileiros), o presidente (foto acima) não teve habilidade nem força política para negociar
com os grevistas. Acabou cedendo, reduzindo o preço do diesel, mas os grevistas
continuaram parados.
Sinais, mais que evidentes, de
fragilidade política do atual presidente da República.
Mas também é fato que a
política do preço do combustível, controlado pelo governo federal, pôs fogo
nesta fogueira da crise dos caminhoneiros. São espantosos os números sobre a
atual política de reajuste dos preços do combustível do atual governo. Somente o diesel subiu 12,3% neste
mês de maio de 2018.
Nunca os preços do diesel – como
também o da gasolina, do gás de cozinha e de outros derivados do petróleo –
estiveram tão altos, em toda a história do Brasil.
E é óbvio que tudo isso seria mais que suficiente para acender a
bomba que incendiou o país por dez dias, abalou seriamente o governo e causou
estragos gigantescos na já debilitada economia do país.
Desde que assumiu o governo, pelo
“golpe parlamentar” que tirou Dilma Rousseff da Presidência, em 2016, Temer
mudou radicalmente a política da Petrobrás, estatal responsável pela produção e
distribuição de combustível no país. A partir de então os reajustes dos preços
passaram a ser quase semanais.
Veja estes números. No final
do governo Dilma, o litro da gasolina custava em média 2,69 reais; atualmente,
o litro esta, em média, quase 5 reais – com a greve alguns postos chegaram a
cobrar até R$ 10 por um litro.
A mesma fome de reajustes de Temer ocorreu com o etanol , com o
diesel e com o gás de cozinha que, nos últimos dois anos, praticamente dobrou
de preço, custando atualmente R$ 70,00 – com a greve foi vendido a até R$ 100.
O governo Temer ignora o
fato de a Petrobrás ser uma empresa estatal. Se é estatal, é também uma empresa
pública. E se a Petrobrás é pública, necessariamente tem que ter função e
responsabilidade públicas. Ou seja, um estatal deve ter lucros, mas também deve
ser guiada por uma política voltada para o bem-estar da população.
Não foi isso que aconteceu
no governo Temer com a Petrobrás.
O atual governo tratou a
Petrobrás como empresa privada e alinhou os reajustes do combustível ao aumento
do dólar e do preço internacional do petróleo. O objetivo era aumentar os
lucros da Petrobrás, dar lucro a acionistas, valorizá-la no mercado
internacional, para, possivelmente, privatizá-la em seguida.
E a consequência desta política é que os
preços não pararam de subir. O Brasil é um dos maiores produtores de petróleo.
Mas veja o que acontece. Em 2017, importamos 25,4 milhões de barris de gasolina
e 82,2 milhões de barris de diesel. No mesmo período, exportamos 326,2 milhões
de petróleo bruto.
Vejam a lógica do governo
Temer: exportar petróleo bruto, por preço baixo, para ser refinado no exterior,
e importar gasolina e diesel, para vender, cara, no Brasil. Isso fez com que as
refinarias brasileiras, todas ligadas à Petrobrás, passassem a trabalhar com
ociosidade. Em março de 2018, a ociosidade destas refinarias era de 31,9%.
Segundo dados divulgados pelo
Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a política
desastrosa do governo com nosso petróleo faz com que o Brasil pague em torno de
730 milhões de dólares anuais pelo refino do seu petróleo bruto no exterior. E
este petróleo poderia ser refinado no país.
Isso faz sentido? Claro que
não.
A política desastrada de Temer na
Petrobras – com o apoio dos partidos que o ajudaram a chegar ao poder, em 2016
– fez com que o Brasil enfrentasse, com a greve dos caminhoneiros, um dos
momentos mais críticos de sua história.
Abaixo, alguns artigos para se entender melhor o que está por
trás e as consequências, para os brasileiros, da greve dos caminhoneiros.