Por Emanuel Neri
Prestem atenção ao que vai
acontecer no Brasil como consequência das graves denúncias que vieram à tona no dia 17 de maio de 2017. É certo que o
país não será o mesmo depois deste fatídico dia. Sem dúvidas, é uma data histórica
para o país.
No início da noite desta
quarta-feira (17/5) uma bomba de grandes efeitos políticos explodiu no colo do
governo do presidente de Michel Temer (PMDB) e de partidos de sua base de
apoio, como o PSDB. A denúncia foi feita pelo jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo. Na manhã desta quinta (18/5), o STF afastou Aécio do Senado e mandou prender sua irmã, Andrea Neves.
Vamos aos fatos:
1)Em depoimento à
Procuradoria Geral da República, o empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS, um
dos maiores produtores de carnes do mundo, disse que o presidente Michel Temer
teria dado aval à “compra do silêncio” do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha
(PMDB), preso na operação Lava Jato.
2)A suposta “compra do silêncio” de Cunha
ocorreu recentemente, no último dia 7 de março, durante reunião entre o
empresário e Temer no Palácio Jaburu, residência oficial do presidente. Na
conversa, que foi gravada, o empresário disse a Temer que estava pagando uma dívida a Cunha para ele ficar calado, na prisão.
3)”Tem que manter isso, viu”, respondeu
Temer ao empresário. Na conversa, Temer indicou um deputado amigo, Rodrigo
Rocha Loures (PMDB-PR), para intermediar o acordo entre a JBS e órgãos do governo. Alguns
dias depois, o deputado foi filmado pela PF recebendo uma mala com R$ 500 mil
do suposto acordo com Temer.
4)Na mesma denúncia à
Procuradoria da República, o dono da JBS entregou gravações do senador Aécio
Neves (PSDB-MG), que concorreu à eleição presidencial em 2014, pedindo R$ 2
milhões à JBS. Este valor foi pago em quatro parcelas a um primo do senador tucano
– uma das entregas foi gravada pela PF.
5)O dinheiro pedido por Aécio
foi rastreado pela PF e acabou sendo depositado numa conta do senador Zezé
Parrela (PSDB-MG), amigo de Aécio. Só para lembrar: Parrela é pai de um deputado dono de um helicópreto
apreendido pela polícia, pouco antes da eleição de 2014, carregado de cocaína.
6)O encontro entre Aécio e o
empresário Joesley também é recente, no último dia 24 de março, em um hotel de
São Paulo. Na conversa, os dois definiram como os R$ 2 milhões seriam
entregues. “Tem que ser um que a gente
mata ele antes de fazer delação”, disse Aécio ao empresário.
7)Na manhã desta quinta (18/5), o STF afastou Aécio do Senado e mandou prender sua irmã, Andrea Neves, e outros parentes do senador. Assessores de Temer também foram presos - e deputado Rodrigo Loures, que recebeu o dinheiro da JBS a pedido de Temer, também foi afastado da Câmara. O senador Parrela também é alvo de ações da PF.
7)Na manhã desta quinta (18/5), o STF afastou Aécio do Senado e mandou prender sua irmã, Andrea Neves, e outros parentes do senador. Assessores de Temer também foram presos - e deputado Rodrigo Loures, que recebeu o dinheiro da JBS a pedido de Temer, também foi afastado da Câmara. O senador Parrela também é alvo de ações da PF.
8)Na gravação, há várias outras denúncias. Em uma delas, o empresário
Joesley diz que o ex-ministro Guido Mantega (governos Lula e Dilma) distribuía propinas
a parlamentares petistas doadas pelo grupo JBS. Na delação, Joesley disse que
Mantega exercia influência nas decisões de bancos oficiais em favor da JBS.
Consequências das denúncias
Como todos sabem, faz
exatamente um ano que Michel Temer assumiu o governo brasileiro, após o
impeachment da presidenta eleita Dilma Roussef. O afastamento de Dilma se deu
em nome da “moralidade pública” e como forma de salvar o país do desastre
econômico. Até agora, nada disso aconteceu.
Pelo contrário. Em um ano
do governo Temer, a crise econômica se agravou e surgiram, nos últimos meses,
muitas denúncias de corrupção contra Temer e vários ministros de seu governo.
Com a denúncia que veio a público nesta quarta-feira, a situação de Temer se
agravou muitíssimo. Para políticos, é o fim do atual governo.
Logo que as denúncias chegaram ao
Congresso, a oposição apresentou pedidos de impeachment contra Temer e houve
gritos de “Eleições Diretas Já”, no plenário. Nas principais cidades do país,
houve manifestações pedindo o “Fora Temer”. Jornalistas e analistas políticos
acham que o atual governo acabou.
Um dado importante. A
negociação para comprar o “silêncio” de Cunha – que comandou o impeachment de
Dilma – era o pagamento de uma dívida que a JBS dizia ter com Cunha. A JBS disse que já havia pago R$ 20 milhões milhões ao ex-presidente da
Câmara. O temor de Temer é que Cunha, já preso, divulgue supsotos esquemas de
corrupção envolvendo o presidente.
Aécio também desapareceu. Amigos do senador acham que sua situação
também é crítica. Lembrem que foi o Aécio que, ao perder a eleição de 2014 para
Dilma, quem iniciou o processo de desestabilização econômica e política do país.
Tudo acabou no afastamento da Dilma e na chegada de Temer, que era o vice de Dilma, ao
poder.
Se Temer cair, segundo a Constituição, um novo presidente será
escolhido, via Congresso, para presidir o país até 2018, quando haverá nova
eleição. Mas, depois de toda esta crise,
ninguém vai ter respaldo e condições de governabilidade para administrar o país até o final
de 2018.
A solução é mesmo a antecipação
da eleição presidencial de 2018 - ou Diretas-Já. Só um presidente legitimado e respaldado pelas
urnas vai ter condições de tirar o país da crise em que mergulhou no último ano, com a queda da Dilma.
Fiquem atentos sobre o que vai acontecer com o Brasil a partir
deste dia 17 de maio de 1917.
Abaixo, links com noticiário completo sobre a crise envolvendo a
denúncia contra o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves.