Por Emanuel Neri
A resposta principal está no seu
olhar. E tudo se resume à forma como você percebe determinados impactos ambientais
causados pelo emprego da tecnologia no processo de desenvolvimento.
As enormes torres de energia
eólica que estão instaladas em muitas cidades do Brasil, muitas delas litorâneas, como é
o caso de São Miguel do Gostoso, causam sim um impacto estético na paisagem (ou cenário)
natural que se tinha antes. A pergunta que se faz é a seguinte: isso é bom ou
ruim para estas cidades e para o país?
Vamos por partes. A energia
eólica é uma realidade no Brasil. E chegou para ficar.
Ela já é responsável por quase
10% da matriz energética brasileira. E o Rio Grande do Norte lidera a produção
deste tipo de energia em todo o país. O RN, por exemplo, tem capacidade instalada
para produzir 2,59 gigawatts de energia. Isso representa mais que o dobro da
demanda energética do Estado.
Agora vamos falar do Mato
Grande, região em que São Miguel do Gostoso está localizada. Pois nesta região
a capacidade instalada de energia eólica é de 1,441 gigawatts, o que representa
56% de toda a produção do RN. Dos 94 parques eólicos instalados no Estado, 56%
estão na região do Mato Grande.
Isso significa que só a energia eólica produzida no Mato Grande –
João Câmara, Parazinho, São Miguel do Gostoso e Pedra Grande são os principais produtores -
já seria suficiente para atender, com sobra, toda a necessidade energética do
RN, que hoje gira em torno de 800 megawatts, ou seja, abaixo de 1 gigawatt.
Mais números sobre energia eólica no RN. Até 2019, os parques
para produzir este tipo de energia vão gerar 35 mil empregos. Só estes parques
vão produzir mais 2,3 gigawatts de energia, o que praticamente vai dobrar a
produção eólica do RN em três anos. Neste período, os Investimentos nestes novos parques são de R$ 3 bilhões.
Voltamos à pergunta do início
deste texto. Esta produção de energia, geração de empregos e investimento é bom
para o Brasil? E para cidades, como São Miguel do Gostoso que, em função dos
parques e de seus gigantescos aerogeradores (cata-ventos), sofre interferência
em sua paisagem natural?
A energia eólica, como todos
sabem, é uma energia limpa e renovável - ou seja, não polui o meio ambiente e
sua fonte de produção é permanente, pois nunca vai faltar vento. O mundo hoje
está muito ligado à preservação da natureza e do meio ambiente. Então, assimila-se
bem melhor esta interferência, pois há sintonia com a natureza.
Vale à pena conviver com a produção deste tipo de energia,
mesmo considerando que ela interfere nas nossas paisagens e cenários naturais, inclusive nas dunas e matas, devido ao impacto visual de seus enormes aerogeradores?
Este é um debate que, em
maior ou menor escala, existe em todas as cidades que produzem energia eólica.
O ideal é que os parques eólicos se instalem sem que provoquem grande impacto na paisagem
natural. No caso de São Miguel do Gostoso, o limite para a implantação de
parques é de 2 mil metros da linha da praia.
É pouco. Os enormes cata-ventos, com mais de 100 metros de
altura, são vistos de qualquer parte que se esteja na cidade – e principalmente
da praia.
Quando houve este debate na Câmara Municipal, muita gente
queria o limite em 3 mil metros. Mas ocorre que, na administração anterior
(Miguel Teixeira), havia-se estabelecido limite de mil metros. As empresas
alegaram “quebra de contratos” e houve
acordo estabelecendo dois mil metros de distância da praia.
Tem muita gente que não se
incomoda com as torres eólicas. Veem elas como sinal de desenvolvimento e de
produção de energia limpa – estando, assim, sintonizadas com o meio ambiente. Outros
odeiam. Acham que elas interferem duramente no visual, prejudicando
principalmente as cidades turísticas.
O fato é que o Brasil, como qualquer outro país, necessita
produzir energia para mover seu desenvolvimento. E a opção pela energia eólica
é cada vez mais uma realidade, mesmo que não agrade a todos. Mas seguramente
ela causa menos impacto na natureza do que a energia hidrelétrica.
Este blog está aberto ao debate em torno da necessidade – ou não –
da produção de energia eólica, limpa, mesmo sob o risco de impactar paisagens,
principalmente no litoral do Nordeste do Brasil – São Miguel do Gostoso
incluído- que antes não conviviam com
este tipo de “agressão” estética.
Abaixo, links de alguns artigos e textos em que você pode
acompanhar melhor fatores positivos e negativos da produção de energia eólica.