Por Emanuel
Neri
O ódio e a
intolerância no Brasil estão passando dos limites, já beirando o
fascismo. E a partir daí é só um pulo para a implantação da truculência nazista, da
qual hoje o mundo civilizado se envergonha do que ocorreu há algumas décadas.
Na última
segunda-feira (21/12) à noite, o cantor e compositor Chico
Buarque, maior patrimônio culturais do Brasil,, foi violentamente
agredido por rapazes quando saía de restaurante no bairro do Leblon, no Rio
de Janeiro. Entre outros insultos verbais, Chico foi chamado de “merda” pelos
agressores.
A agressão a
Chico Buarque – que na hora da ocorrência estava acompanhado do
cineasta Cacá Diegues e do jornalista e escritor Eric Nepomuceno – se deveu
simplesmente ao fato de o maior compositor do Brasil, orgulho da Nação, ser um
homem de pensamento de esquerda e de manifestar simpatia pelo PT.
Entre os agressores de Chico Buarque estavam um rapper, Túlio Dek, famoso por produzir factóides na midia. Outro chama-se Ávaro Garneiro Filho, o "Alvarinho", filho do apresentador de TV e empresário Álvaro Garnero. Este último é um riquinho que, para aparecer, fez questão de se exibir agarrado e dando beijos no jogador de futebol Ronaldo Fenômeno (vejam foto).
“O PT é
bandido e quem apoia o PT é ladrão”, disseram os jovens a Chico Buarque. “Vá
prá Cuba. Você tem um apartamento em Paris, petista de merda”, vociferaram os
agressores do cantor. Chico Buarque não perdeu a tranquilidade. Dirigindo-se aos
jovens, afirmou: “Pois eu acho que o PSDB é bandido. Vocês só leem a Veja”.
Só depois da
interferência dos amigos que estavam com Chico Buarque, seus
agressores permitiram que ele pegasse um taxi e se dirigisse para sua casa,
também no Rio. O fato de Chico Buarque se referir ao PSDB é porque é este
partido que está semeando o ódio no coração e na alma de brasileiros
identificados com sua causa.
Desde que
perdeu a eleição para presidente da República, em outubro
do ano passado, o PSDB, sob o comando de Aécio Neves, está tentando incendiar o
país. Aécio e políticos de partidos aliados, entre os quais o DEM e o PPS, não
se conformam com a derrota para Dilma Rousseff, escolhida pelo voto para mais
um mandato.
Aécio e sua
turma da pesada jogam no “quanto pior melhor”. E instigam o
ódio e a intolerância em seus seguidores, em especial em pessoas que comungam
com o mesmo pensamento político pregado pelos derrotados nas urnas. Aécio quer
chegar ao poder a qualquer custo. E por isso se alia a tudo quanto é tipo de
gente.
Vejam bem o “vale
tudo” de Aécio Neves e de seus truculentos seguidores.
Achando que chega à Presidência se Dilma for cassada pelo Congresso, pela via
do golpe - leia-se, impeachment - Aécio se aliou até mesmo ao deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, envolvido em vários casos
de corrupção.
Mas a
truculência de Aécio e de seus seguidores tem limites. Murchou
o golpe com que ele queria derrubar Dilma, pois não há uma única acusação de prática
ilegal que caracterize crime de responsabilidade, o que justificaria o
impeachment da presidenta. Sem isso, aumenta a truculência a pessoas que pensam
diferente deles.
Foi isso o
que aconteceu com o cantor Chico Buarque. E já havia acontecido
antes com inúmeros políticos e pessoas que são filiados ou se identificam com o
PT. Todo mundo sabe que o PT cometeu sérios pecados no governo – do mesmo jeito
que outros partidos também fizeram, entre os quais o PMDB e o PSDB de Aécio
Neves.
Mas estes “pecados” do PT não
justificam a truculência com que simpatizantes do PT, como é o caso de Chico
Buarque, sejam “apedrejados” em via pública. O que está ocorrendo no Brasil
envolve um risco seríssimo de o país mergulhar numa crise sem saída, com convulsão
social, caminho aberto para o controle fascista do país.
O fascismo é
uma forma de radicalismo político com o objetivo de controlar o poder pela via
autoritária. E é isso que vem acontecido no Brasil, pondo historiadores,
artistas e intelectuais em estado de alerta. Quando alguém não concorda com o
pensamento político do outro, quer vencer na porrada – e isso é puro fascismo.
Abaixo o
ódio, a intolerância e o fascismo no Brasil. Não é este o caminho que o país
quer. Pessoas truculentas, como as que agrediram Chico Buarque e tantas outras
pessoas por terem simpatia com o PT, são selvagens políticos incapazes de
conviver com a democracia. Este tipo de agressão está chegando ao limite e merece
um basta.
Abaixo,
farta repercussão sobre a agressão a Chico Buarque e
definição sobre o que é fascismo. Chegou a hora de pessoas do bem se levantarem
contra esta onda de ódio e intolerância que ameaça levar o país para o buraco –
porta aberta para o fascismo.