sábado, 4 de outubro de 2014

Aécio surpreende e supera Marina na reta final da eleição presidencial; Dilma sai na frente e é favorita



Por Emanuel Neri
E a disputa presidencial chega ao dia da eleição com mais uma surpresa. Segundo todas as pesquisas divulgadas neste sábado (4/10), Dilma Rousseff (PT) continua como favorita e firme na liderança, mas a segunda vaga para a provável disputa do segundo turno tem Aécio Neves (PSDB) na frente de Marina Silva (PSB).
Tudo pode acontecer nesta eleição. Uma possibilidade mais improvável é a vitória de Dilma no primeiro turno – para isso bastaria que ela saísse das urnas com mais três pontos do que apontam as pesquisas. E é bem provável que Aécio termine mesmo na frente de Marina e dispute o segundo turno com Dilma.
As pesquisas divulgadas neste sábado são muito semelhantes. Segundo o Datafolha, em votos válidos (excluídos votos brancos e nulos), Dilma (na foto com Lula) chega à reta final da campanha com 44% dos votos. Aécio vem em segundo, com 26%, e Marina, 24%. A situação é de empate técnico entre os dois candidatos.
De acordo com a pesquisa do Ibope, também contabilizando votos válidos, Dilma tem 46%, contra 27% de Aécio e 24% de Marina. Na manhã deste sábado, outro instituto de pesquisa, o CNT/DMA , liberou pesquisa também parecida: em votos totais (incluindo nulos e brancos) Dilma tem 40,6%, Aécio 24% e Marina 21,4%.
Quando se simula a disputa no segundo turno, Dilma também sai na frente. Segundo o Datafolha, ela tem 48% dos votos totais, contra 42% de Aécio. Se a disputa for com Marina, Dilma venceria por 49% a 39%. Pelo Ibope, Dilma tem 45% contra 37% de Aécio – a mesma diferença em uma disputa entre Dilma e Marina.
Pelos resultados destas pesquisas, a grande derrotada desta eleição é Marina. Ela chegou a pôr mais de 20 pontos à frente de Aécio e chega ao dia da eleição em inferioridade. Na disputa com Dilma, Marina também foi considerada favorita – chegou a pôr uma diferença de dez pontos na simulação de segundo turno.
Marina é daqueles políticos que tem certa semelhança com peixe – ou seja, morre pela boca. Foram muitas as contradições em seu programa de governo e no que ela falava e, depois, recuava. Marina falava uma coisa em um dia e quando via a repercussão negativa do que havia falado, recuava no dia seguinte.
Seu primeiro grande tropeço foi seu recuo em relação a políticas para os homossexuais. Seu programa de governo defendia casamento entre pessoas do mesmo sexo e a criminalização da homofobia. O pastor ultraconservador Silas Malafaia não gostou e Marina, que é evangélica, recuou 24 horas depois.
Mas Marina também recuou em muitos outros pontos. Falou que não priorizaria o pré-sal e recuou depois; recuou também em relação a alterações que queria fazer na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Outro recuo – para agradar o setor de agronegócio – se deu em seu apoio ao uso dos transgênicos na agricultura.
Marina era vice de Eduardo Campos, que morreu em um acidente aéreo. Impulsionada pela comoção da tragédia, subiu muito nas pesquisas e parecia que ganharia a eleição. Mas seu potencial de votos foi derretendo na medida em que mostrava as fragilidades de seu discurso e de suas propostas para governar.
Eleição no Rio Grande do Norte
No Rio Grande do Norte, ainda não se sabe se haverá segundo turno para o governo. Segundo a última pesquisa Ibope/InterTV Cabugi, Henrique Alves (PMDB) tem 50% dos votos válidos, contra 42% de Robinson Faria (PSD). Ocorre que a soma dos demais candidatos chega a 8%, o que equilibra o jogo, podendo haver segundo turno. Se isso ocorrer, será uma disputa equilibrada com Robinson. 
A grande vitoriosa da eleição no RN é a deputada Fátima Bezerra (PT), que deve se eleger senadora. Segundo a pesquisa Ibope/InterTV Cabugi deste sábado, Fátima tem 45% dos votos contra 30% da ex-governadora Wilma de Faria (PSB) – nos votos válidos, Fátima tem 57% dos votos contra 38% de Wilma.
É sem dúvida uma grande vitória de Fátima. Seu prestígio ajudou a “puxar” a votação de Robinson, com quem está aliada. Sozinho, Robinson não tinha condições de ter o potencial de votos que terá na eleição deste domingo. E é provável que, havendo segundo turno, dispute com Henrique em pé de igualdade.
Veja, abaixo, links sobre as últimas pesquisas nacionais, para presidente, e no Rio Grande do Norte, para governador e Senado:
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-cronica-do-derretimento-de-marina/

Um comentário:

  1. Um dos maiores tropeços desta campanha eleitoral foi o de Marina Silva. Abaixo, interessante análise sobre os motivos da queda de Marina, escrito pelo jornalista Paulo Nogueira, do portal de notícia Diário do Centro do Mundo:
    "Marina desabou na pior hora: quando as chances de recuperação são mínimas, dado o limite do tempo.

    É como levar um gol no finalzinho do jogo.

    Caso se confirme sua derrota, ela poderá encontrar consolo num pensamento caro aos que creem: Deus não quis.

    Longo do plano divino, Marina começou a cair quando piscou diante de quatro tuítes de Malafaia.

    Malafaia manifestou revolta contra os termos do programa de Marina em relação à comunidade LGBT.

    Ameaçou tirar o apoio.

    Rapidamente, com uma explicação que não convenceu ninguém, o programa de Marina foi alterado para agradar Malafaia.

    Foi um gesto fatal.

    Ali Marina mostrou um traço de personalidade que seria explorado com sucesso tanto por Dilma quanto por Aécio: a instabilidade, a hesitação, a dificuldade em lidar com pressão.

    O leitor percebeu.

    Com Malafaia, foi a primeira de uma série de fraquejadas que confirmariam a impressão inicial de tibieza.

    A empreendedores, Marina falou em atualizar a legislação trabalhista, o que significa subtrair direitos.

    Diante da reação negativa, ela foi se desdizendo até chegar ao contrário do que afirmara. No debate da Globo, já desesperada, ela prometeu dar direitos a quem não está registrado pela CLT.

    Também num gesto de quem pressente o abismo, ela disse que daria um 13.o aos beneficiários do Bolsa Família.

    Nos dois últimos debates, Marina estava claramente exaurida mental e fisicamente. Parecia torcer que para que tudo acabasse o mais rápido possível.

    Sumira a autoconfiança de quem disparara nas pesquisas com o refrão da “nova política”, em oposição ao PT e ao PSDB.

    E assim Aécio, que parecia morto a poucos dias da eleição, chega ao 5 de outubro com chances concretas de ir ao segundo turno.

    Não foi ele que cresceu. Foi Marina que diminuiu.

    Para o PT, a derrocada de Marina é uma semivitória. Os petistas sempre preferiram enfrentar Aécio num eventual segundo turno, em vez de Marina.

    Os eleitores de Aécio migrariam maciçamente para Marina, em nome do antipetismo.

    Quanto aos eleitores de Marina, a maior parte tem sérias restrições a Aécio e ao PSDB.

    De certa forma, caso se confirma a tendência que as pesquisas mostram na véspera das eleições, é a repetição do quadro das três últimas eleições, 2002, 2006 e 2010. PT versus PSDB.

    Em todas elas, o PT venceu.

    Exatamente por isso, num último espasmo, Marina está dizendo que só ela pode bater o PT porque o PSDB está acostumado a perder.

    São meras palavras, com impacto infinitamente menor do que o recuo de Marina diante dos tuítes de Malafaia.

    Ali começava a morrer a Marinamania".

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