terça-feira, 23 de setembro de 2014

Para entender o Bolsa Família e os motivos que a ONU levou em conta para excluir o Brasil do Mapa da Fome



Por Emanuel Neri
Ainda tem muita gente no Brasil – em especial no meio político – que contesta e quer o fim do  Bolsa Família, programa do governo federal que beneficia mais de 45 milhões de pessoas no país. Mas o fato concreto é que este programa que complementa renda e combate a fome mudou a cara do Brasil nos últimos anos.
Na semana passada, a FAO, braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para alimentação e agricultura, informou que o Brasil deixou de fazer parte do Mapa Mundial da Fome. O número de brasileiros que ainda enfrentam algum problema alimentar representa 1,7% da população – antes eram oito vezes mais.
Na ponta do lápis, significa que 1,7% da população brasileira - hoje em 200 milhões de habitantes - representam em torno de 3,4 milhões de pessoas. Ainda há muita gente que enfrenta restrição alimentar. Mas não há dúvidas de que houve avanços significativos no combate à fome. A própria ONU admite que a tendência é de redução ainda maior deste índice nos próximos anos.
Ao mesmo tempo, outro relatório da ONU informou que, entre 2001 e 2012, a pobreza no Brasil foi reduzida de 24,3% da população para 8,4%. Em relação à extrema pobreza, a queda foi de 14% para 3,5%. Estes dados fizeram com que o país cumprisse, com antecipação, as metas dos Objetivos do Milênio da ONU.
A que se devem, portanto, estas mudanças tão significativas no perfil do cenário da fome e da pobreza no Brasil?  
A resposta a esta pergunta não é do governo federal, responsável pela implantação no Brasil, a partir de 2003 (governo Lula), de uma efetiva agenda política de combate à fome e à pobreza no país. Quem deu esta resposta mais uma vez foi a ONU, a partir de relatórios divulgados nas últimas semanas.
“O Fome Zero fez da fome um problema fundamental incluído na agenda política do Brasil a partir de 2003”, diz um dos relatórios da ONU sobre a fome. O Fome Zero é um programa que inclui ação de 19 ministérios, responsáveis por ações de proteção social, estímulo ao emprego, produção familiar agrícola e nutrição.
O Bolsa Família, contestado por uma corrente conservadora brasileira, está sob o  guarda-chuva do Fome Zero. Todas estas ações causaram uma profunda mudança no perfil social do Brasil. Entre 2003 e 2011, 37 milhões de brasileiros saíram da pobreza para a classe média – que já soma 55% da população do país.
Acrescente-se a este número outro dado significativo. Também entre 2003 e 2012, outros 22 milhões de brasileiros deixaram a extrema pobreza do país. Foi isso que fez o Brasil sair do Mapa Mundial da Fome, da ONU – como foi dito acima, apenas 1,7% da população do país ainda são consideradas muito pobres.
Quando se olha para dados sobre a redução da fome e da pobreza no Brasil, aparece também outro indicador para explicar o salto social dado pelo país nos últimos anos. A renda dos brasileiros pobres cresceu 90% nos últimos dez anos. E isso se deve à política de criação de empregos e aumento do salário mínimo.
Voltando ao Bolsa Família e ao Fome Zero. O Brasil já é a sétima economia do mundo, com Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 4,84 trilhões (mais de US$ 2 trilhões). Dá para imaginar um país com este porte econômico sem ter uma política pública voltada para combater a fome e a miséria da sua população?
A resposta é absolutamente não. Mas é fato que, só nas últimas décadas, o Brasil passou a combater efetivamente a fome da população. E uma das iniciativas pioneiras neste campo foi do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que morreu de Aids em 1997. Betinho criou, numa ação com a sociedade, o Natal Sem Fome.
Pelo menos no período do Natal a população com fome recebia uma cesta de alimentos. Betinho cravou uma frase, em sua campanha, que acabou estimulando futuras administrações do Brasil. “Quem tem fome, tem pressa”. Isso significa que, quem está com fome, não pode esperar para matar a fome dela e da família.
Foi a partir de 2013, com o governo Lula, que seguiu os passos e adotou os bons ensinamentos do Betinho, de quem era amigo e aliado político, que se criou no Brasil uma agenda política de combate à fome. No governo Dilma, criou-se o Brasil Sem Miséria, que amplia ainda mais as ações no combate à fome.
Fim dos saques nas secas
Por último, só mais um registro. O Bolsa Família foi fundamental para o fim dos saques de famintos castigados pelas secas (foto), muito comum no Nordeste do passado. O Nordeste vive hoje seu quinto ano seguido de seca e não há um único registro de pessoas famintas invadindo e saqueando o comércio das cidades.
O Brasil mudou seu perfil social nos últimos anos. Já não existem os mesmos problemas com fome e miséria que existiam antes.
Abaixo, links nos quais você vai encontrar farto material da ONU sobre o combate à fome no Brasil, dados sobre redução da miséria, melhoria de renda, informações sobre Betinho e relatos assustadores sobre saques de famintos no Nordeste, inclusive no Rio Grande do Norte, na seca de 2001.

19 comentários:

  1. QUE PAÍS É ESSE QUE EU NÃO CONHEÇO, BRASIL EXCLUÍDO DOS QUE TEM FOME? TÁ DE BRINCADEIRA?

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  2. Tudo bem, que o Brasil não faz mais parte do Grupo de Países do Mapa Mundial da Fome, agora dizer que a miséria e a fome em nosso país acabou é uma mentira, só amenizou um pouco, quem pensa assim está muito enganado, seria bom que os políticos do nosso Brasil pensassem menos neles e olhassem mais para o nosso povo, porque nesse Brasil afora encontramos muita gente na miséria e só não ver quem é cego como essa cambada de políticos desonestos e corruptos em todo o nosso país.

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    1. Quem tomou a iniciativa de excluir o Brasil do Mapa Mundial da Fome foi a ONU. Estes dados foram divulgados na semana passada e têm como base estatísticas da própria ONU sobre a redução da miséria no país e a diminuição significativa de milhões de pessoas que antes passavam fome no Brasil - e que hoje não passam mais fome.

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  3. Gostoso nessa segunda feira amanheceu de ressaca com a passeata do candidato da prefeita o que eu não aceitei foi não ter aula nas escolas e o pior não avisaram e minha filha acordou cedo pra ir a escola e quando chegou lá não havia aula porque tinham dado folga pra quem fi pra passeata que coisa absurda em pleno século XXI não ter aula por causa de comício! isso é uma vergonha

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    1. Tem gente em São Miguel de Gostoso que "chuta" em todas as direções. Tenta de qualquer forma acertar algum alvo, de preferência se o alvo atingido for pessoas que não são da sua simpatia. Veja o que ocorreu com alguns comentários enviados a este blog dizendo que, nesta última segunda-feira, a Prefeitura liberou professores das aulas para que pudessem participar de um comício do PMDB, no domingo à noite. Este blog apurou que a informação não é verdadeira e faz parte da rede de intriga que setores da oposição de São Miguel do Gostoso tentam lançar contra a atual prefeita. Pelo que se sabe, parte dos professores não deu aula porque se reuniu com o Sindicato dos Professores. Segundo outras informações, outros professores que se ausentaram das aulas estavam participando de um treinamento para trabalharem como mesários das sessões eleitorais do município, no próximo dia 5 de outubro. Já está na hora desta gente adepta da intriga e das falsas informações baixar a bola e parar de plantar informações falsas nas redes sociais. Se elas não tiverem cuidado, vão cair totalmente no descrédito da população local.

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  4. Brasil nao tem mais fome, cortem os beneficios desse povo. Vamos ver como o nordeste vive sem receber repasses federais de impostos de São Paulo. Imagina a Dilma deposta quando o dolar chegar a 5 reais um mes depois da posse com São Paulo seco de água e seco de repasses federais. Quero ver o funcionarismo publico sem receber e atacando, quando os 70% de arrecadação de impostos em São Paulo cair pra 5%. Parabéns Emanuel, a elite branca que vcs tanto atacam são os que pagam suas contas.

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    1. Ridículo este comentário aí de cima. O autor, anônimo, deve ser daqueles que, se dependessem deles, acabariam com o Bolsa Família e deixariam grande parte da população brasileira enfrentando necessidades alimentares. E mais. Não é apenas São Paulo que paga impostos no Brasil. O Nordeste e também outras regiões do país também pagam. E são estes impostos que, com justiça, cobrem parte dos gastos sociais do Brasil, inclusive os do Bolsa Família. Tem mais. Felizmente não é a "elite branca", como você cita, que "paga nossas contas", como você acusa. Quem paga minhas contas sou eu. E quem cobre parte das contas da população mais pobre, aquela que enfrenta restrição alimentar (leia-se, fome), com programas como o Bolsa Família, é o governo, de forma justa e correta, com dinheiro arrecadado do pagamento de impostos da força produtiva brasileira.

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    2. Eu não acabaria com fome zero coisa nenhuma, eu aumentaria pra R$3.000,00 Pra ver seus escravos, todos, fugirem da senzala.

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    3. Já que existe no sul esse conceito
      Que o nordeste é ruim, seco e ingrato
      Já que existe a separação de fato
      É preciso torná-la de direito
      Quando um dia qualquer isso for feito
      Todos dois vão lucrar imensamente
      Começando uma vida diferente
      De que a gente até hoje tem vivido
      Imagina o Brasil ser dividido
      E o nordeste ficar independente

      Dividindo a partir de Salvador
      O nordeste seria outro país
      Vigoroso, leal, rico e feliz
      Sem dever a ninguém no exterior
      Jangadeiro seria o senador
      O cassaco de roça era o suplente
      Cantador de viola o presidente
      O vaqueiro era o líder do partido
      Imagina o Brasil ser dividido
      E o nordeste ficar independente

      Em Recife o distrito industrial
      O idioma ia ser nordestinense
      A bandeira de renda cearense
      "Asa Branca" era o hino nacional
      O folheto era o símbolo oficial
      A moeda, o tostão de antigamente
      Conselheiro seria o inconfidente
      Lampião, o herói inesquecido
      Imagina o Brasil ser dividido
      E o nordeste ficar independente

      O Brasil ia ter de importar
      Do nordeste algodão, cana, caju
      Carnaúba, laranja, babaçu
      Abacaxi e o sal de cozinhar

      O arroz, o agave do lugar
      O petróleo, a cebola, o aguardente
      O nordeste é auto-suficiente
      O seu lucro seria garantido
      Imagina o Brasil ser dividido
      E o nordeste ficar independente

      Se isso aí se tornar realidade
      E alguém do Brasil nos visitar
      Nesse nosso país vai encontrar
      Confiança, respeito e amizade
      Tem o pão repartido na metade,
      Temo prato na mesa, a cama quente
      Brasileiro será irmão da gente
      Vai pra lá que será bem recebido
      Imagina o Brasil ser dividido
      E o nordeste ficar independente

      Eu não quero, com isso, que vocês
      Imaginem que eu tento ser grosseiro
      Pois se lembrem que o povo brasileiro
      É amigo do povo português
      Se um dia a separação se fez
      Todos os dois se respeitam no presente
      Se isso aí já deu certo antigamente
      Nesse exemplo concreto e conhecido
      Imagina o Brasil ser dividido
      E o nordeste ficar independente

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  5. Mais uma vez o PT tenta se apoderar das políticas sociais iniciadas pelo PSDB, na gestão do Presidente Fernando Henrique Cardoso. O Bolsa Família, todos sabemos, consistiu apenas na unificação dos programas Bolsa Escola, o Auxílio Gás, o Bolsa Alimentação e o Cartão Alimentação, todos criados no governo FHC. Já o Fome Zero é sucessor do programa Comunidade Solidária, implantado pelo governo federal em 1995 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, que assinou o Decreto n. 1.366, de 12 de janeiro de 1995.
    A verdade esta aí, só não vê quem não quer!

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    1. A Cesar o que é de Cesar. Quem implantou efetivamente o Fome Zero e o Bolsa Família, programas públicos de combate à fome e à miséria do país, foi o governo Lula, a partir de 2003. E quem reconhece isso não é este blog, mas sim a Organização das Nações Unidas (ONU), em relatórios divulgados recentemente.

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    2. A mesma ONU que legitimou os bombardeios a faixa de gaza?

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  6. Só que a miséria não acabou, a fome continua, falta uma saúde de qualidade, melhor Educação para nossos filhos como também segurança Pública que é péssima em nosso país, agora como estamos na época das eleições todos os candidatos se fazem de bons, falam um monte de mentiras para se elegerem novamente, e depois de eleitos esquecem de todas as promessas feitas e assim continuamos nessas grandes carências que é o básico para termos uma qualidade de vida melhor, todos são iguais classe desonesta. " essa de políticos".

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  7. O bolsa família é o maior cabo eleitoral do PT pena que o povo se contenta com pouco se o PT estivesse preocupado com a fome no Brasil a primeira coisa que faria era melhorar a educação porque com educação de qualidade um país cresce é só saber que nos países de primeiro mundo não tem bolsa familia e tambem não tem fome nem violência nem falta saúde básica

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    1. nos países desenvolvidos há subisídios para a população sim, antes do PT eramos mais que pobres, eramos miseráveis e condenados a morrer pobres, e a educação e saúde também era muito pior, quem não lembra? hoje pela primeira vez na história saÍmos do mapa da FOME no Mundo, graças sabe ao quê e a quem???? se vc pensou Lula e Dilma ACERTOU!!!!!, é por isso que vamos ganhar essas eleições no Primeiro Turno, porque o povo Brasileiro sabe reconhecer os avanços que esse pais teve.

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  8. Com certeza será o PT o partido a trazer a fome e a miséria de novo durante o proximo mandato. Estou esperando pra ver o que a crise trará para a popularidade deles.

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  9. Pobreza e miséria daqui a cem ou duzentos anos neste país continuará da mesma forma que existe hoje, políticos todos são iguais, classe desumana.

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  10. Soh para deixar claro, Jose Graziano da Silva , diretor geral da FAO , foi ex-ministro do governo LULA , ai voce me diz que este anuncio a poucos dias da eleição não eh encomenda dos PTRALHAS, ME ENGANA QUE EU GOSTO.

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  11. O dia que o nordeste separar do Brasil, quase todos seus cidadãos morrerão , pois terão que começar a trabalhar. A maioria é pinguço que vive do governo
    Poesia é muito bonito, a realidade é outra

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