sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Em São Paulo, duas visões distintas para enfrentar o crack: uma humanitária e outra de violência policial



Por Emanuel Neri
Existem formas distintas de se ver o mundo. Uma dessas visões é mais humanitária, em que o respeito ao ser humano está em primeiro lugar e se sobrepõe a outras ações autoritárias. A outra visão é de truculência – as ações são sempre resolvidas com a força bruta, na base da porrada da polícia.
Pois foi esta visão truculenta de ver o mundo que aconteceu na última quinta-feira (23/1) na Cracolândia, bairro central de São Paulo que recebeu este nome por causa da concentração de viciados em crack. Milhares de viciados vivem ou se concentram ali para consumir droga. É uma ferida aberta em pleno centro de São Paulo.
Na quinta-feira à tarde, sob o pretexto de prender traficantes de drogas, a polícia paulista reprimiu violentamente os viciados de crack que vivem ali. Usou balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio. No final da operação, havia viciados feridos por todos os cantos.
A polícia de São Paulo é controlada pelo governo estadual, que é do PSDB. O atual governador é o tucano Geraldo Alckmin. A polícia está subordinada a Alckmin, que é responsável por todas as ações policiais. A não ser em caso de insubordinação, a polícia não pode agir sem seu aval.
Este jeito truculento de enfrentar a questão dos viciados de crack (foto) se contrapõe a uma outra visão, que é a do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT). Desde que foi eleito, em 2010, Haddad tenta, ao seu modo, adotar políticas públicas para enfrentar o crack, sem violência.
São duas mãos com pesos bastante diferentes para enfrentar a questão dos drogados da Cracolândia. Uma mão é acolhedora, amiga e pronta para recuperar pessoas que, devido às drogas, passam a viver à margem da sociedade. A outra mão é repressora, violenta, que afasta qualquer possibilidade de solução pacífica para o problema. 
Vejamos. Nas últimas semanas, Haddad criou o programa “Braços Abertos” para tratar dos viciados da Cracolândia. Primeiro, alugou hotéis populares para abrigar parte dos viciados que tinham criado uma pequena favela na região. Houve acordo para que eles desocupassem a favela.
Uma outra ação do “Braços Abertos” foi usar a mão-de-obra dos viciados em um programa  considerado modelo por ONGs de direitos humanos. Os viciados trabalham na limpeza do bairro, como garis. Ganham um salário mínimo por mês e mais R$ 15,00 por cada dia trabalhado.
O “Braços Abertos” não condiciona a adesão dos viciados ao abandono do vício. Qualquer um  pode se inscrever no programa, vestir uniformes de garis e começar a recolher o lixo das ruas. Mas viciados já sinalizaram que pretendiam abandonar o vício com o apoio do programa.
Mas, na tarde da quinta-feira, a ação da polícia de São Paulo praticamente pôs todo este trabalho a perder. A prefeitura de São Paulo não foi informada sobre a ação da polícia. O prefeito Haddad condenou a ação policial e houve reações de grupos de direitos humanos nas redes sociais.
O crack, por mais que seja nocivo à sociedade, é um problema social. Não pode ser enfrentado com repressão policial, como fez a polícia de São Paulo. A solução para o crack passa pela adoção de políticas públicas, entre elas de saúde, e a reintegração do viciado ao seu meio social.
E era exatamente isso que vinha sendo feito pela prefeitura de São Paulo. É lamentável que ainda haja visões, como a da polícia de São Paulo – e, neste caso, com responsabilidade do governo estadual – que querem enfrentar o crack e seus viciados com violência policial.
Veja, abaixo, links que tratam da repressão policial – e suas consequências – à Cracolândia aos viciados de crack em São Paulo.

3 comentários:

  1. Nós moradores da rua das ostras pedimos a prefeitura que por favor ilumine os poste que estao apagados pois está muito escuro nas proximidades da creche desde de já agradecemos

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  2. A rua das Ostras é uma rua abandonada pela prefeitura, está inacabada e sem iluminação. É uma rua tão bonita e uma das mais largas de Gostoso. Posso falar por vários moradores para pedir mais atenção à esta rua. Muito obrigada

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  3. é a melhor rua mas está abandonada pelos gestores lá tem lixo e muito escuro

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