quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Em mais uma análise da eleição-2012, jornalista diz: "Midia derrotada mais uma vez pelo PT de Lula"



Por Emanuel Neri
É grande o número de artigos curiosos e esclarecedores  sobre a eleição municipal encerrada no último domingo. Prova de que este foi o fato político mais importante ocorrido este ano no Brasil. Mote destes artigos: quem ganhou e quem perdeu com esta eleição?
No artigo abaixo, o jornalista Ricardo Kotscho – com passagem pelos principais veículos de comunicação do país e atualmente no R7 – escreveu artigo em que analisa o comportamento da mídia em relação à eleição. Veja a análise do Kotscho, abaixo:



Por Ricardo Kotscho
Perderam para Lula em 2002.
Perderam para Lula em 2006.
Perderam para Lula e Dilma em 2010.
Perderam para Lula e Haddad em 2012.
A aliança contra Lula e o PT montada pelos barões da mídia reunidos no Instituto Millenium sofreu no domingo mais uma severa derrota.
Eles simplesmente não aceitam até hoje que tenham perdido o poder em 2002, quando assumiu um presidente da República fora do seu controle, que não os consultava mais sobre a nomeação do ministro da Fazenda, nem os convidava para saraus no Alvorada.
Pouco importa que nestes dez anos tenha melhorado a vida da grande maioria dos brasileiros de todos os níveis sociais, inclusive a dos empresários da mídia, resgatando milhões de brasileiros da pobreza e da miséria, e dando início a um processo de distribuição de renda que mudou a cara do País.
Lula e o PT continuam representando para eles o inimigo a ser abatido. Pensaram que o grande momento tinha chegado este ano quando o julgamento do mensalão foi marcado, como eles queriam, para coincidir com o processo eleitoral.
Uma enxurada de capas de jornais e revistas com quilômetros de textos criminalizando o PT e latifúndios de espaço sobre o julgamento nos principais telejornais nos últimos três meses, todas as armas foram colocadas à disposição da oposição para o cerco final ao ex-presidente, mas a bala de prata deu chabu.
Na noite de domingo, quando foram anunciados os resultados, a decepção deve ter sido grande nos salões da confraria do Millenium, como dava para notar na indisfarçada expressão de derrota dos seus principais porta-vozes, buscando explicações para o que aconteceu.
Passada a régua nos números, apesar de todos os ataques da grande aliança formada pela mídia com os setores mais conservadores da sociedade brasileira, o PT de Lula e Dilma saiu das urnas maior do que entrou, como o grande vencedor desta eleição.
"PT — O maior vencedor" é o título do quadro publicado pela Folha ao lado dos mapas das Eleições em todo o País. Segundo o jornal, o PT "foi o campeão em dois dos mais importantes critérios. Além de ter sido o mais votado no 1º turno (17,3 milhões), é o que irá governar para o maior número de eleitores".
De fato, com os resultados do segundo turno, o PT irá governar cidades com 37,1 milhões de habitantes, onde vive 20% do eleitorado do País. Com cidades habitadas por 30,6 milhões, o segundo colocado foi o PMDB, principal partido da base aliada.
"Em relação aos resultados das eleições de 2008, o total de eleitores governados por prefeitos petistas crescerá 29% em 2013, quando os eleitos ontem e no primeiro turno deverão assumir", contabiliza Ricardo Mendonça no mesmo jornal.
Do outro lado, aconteceu exatamente o contrário: "Já os partidos que fazem oposição ao governo Dilma Rousseff saem da eleição menores do que entraram. Na comparação com 2008, PSDB, DEM e PPS, os três principais oposicionistas, terão 309 prefeituras a menos. Puxados para baixo principalmente pelo DEM, irão governar para 10,5 milhões de eleitores a menos".
Curiosa foi a manchete encontrada pelo jornal "O Globo" para esconder a vitória do PT: "Partidos ficam sem hegemonia nas capitais". E daí? Quando, em tempos recentes, algum partido teve hegemonia nas capitais? Só me lembro da Arena, nos tempos da ditadura militar, que o jornal apoiou e defendeu, quando não havia eleições diretas.
O que eles estarão preparando agora para 2014? Sem José Serra, que perdeu de novo para um candidato do PT que nunca havia disputado uma eleição, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, eleito com 55,57% dos votos, terão que encontrar primeiro um novo candidato.
Ao bater de frente pela segunda vez seguida num "poste do Lula", o tucano preferido da mídia corre agora o risco de perder também a carteira de motorista.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Jornalista analisa resultado da eleição, influência de Lula e efeitos do "Mensalão", que não aconteceram



Por Emanuel Neri
As eleições municipais foram o fato político mais importante ocorrido este ano no Brasil. Desde o último domingo, quando foi concluída a eleição, com a realização do segundo turno, analistas têm escrito artigos com interpretações sobre o tema.
O jornalista Bob Fernandes, que já passou por vários veículos de comunicação do país e hoje trabalha no Portal Terra, escreveu uma interessante análise sobre a eleição de 2012. Veja abaixo:
Por Bob Fernandes
Outra vez a opinião pública derrotou a opinião publicada
Cada um irá ler e analisar o resultado da eleição com suas razões. Ou, com o fígado. Mais com o fígado do que com razões, muitos apostaram que Lula seria derrotado em São Paulo. Lula bancou sua maior aposta. E ganhou com Fernando Haddad na maior e mais poderosa cidade do Brasil.
Toneladas de papel, centenas de horas e horas nas rádios e TVs, bits e mais bits foram gastos para explicar como e porque Lula seria inexoravelmente derrotado. Se tivesse perdido, choveriam manchetes sobre a "estrondosa derrota", análises infindas brotariam com erros que teriam levado à "derrota monumental".
Já os números são inequívocos: o PT e o PSB saem da eleição com mais prefeituras e mais eleitores. Juntos, conquistaram 31% dos eleitores e 1.076 das prefeituras do Brasil. O PMDB, que encolheu, mesmo assim venceu em 1.026 cidades. Somente estes três partidos da base da presidente Dilma, PT, PMDB e PSB, governarão 2.102 das 5.556 cidades. E governarão 48% dos eleitores do Brasil.
Eduardo Campos (PSB) sai forte, fortíssimo das urnas. Pode seguir com mais espaço no governo Dilma, e pode começar a ensaiar seu voo solo. Não faltará quem queira o governador de Pernambuco em duetos, tercetos...
Aécio Neves (PSDB), no primeiro turno, também venceu. É paradoxal, como costuma ser a política, mas Aécio ganha espaço com a derrota de José Serra. Não há quem não saiba que os dois tucanos não se bicam.
José Serra perdeu para um conjunto de fatores: fadiga de material, má avaliação do prefeito Kassab, erros na campanha... mas Serra perdeu também para si mesmo.
Serra perdeu porque costuma subestimar os demais. Porque imagina, quase sempre, que "o outro" é um inimigo, seja o "outro" quem for. E essa é uma equação que não fecha. Menos ainda na política, onde a conta sempre chega.
Lula, Dilma e o PT perderam batalhas. Em Salvador, Campinas, Fortaleza, Porto Alegre, Recife... e outros tantos cantos. Como também perderam Eduardo Campos e Aécio Neves. Mas, é fato, eles venceram suas batalhas simbólicas.
Kassab e seu PSD ganharam 497 prefeituras... mas perderam a poderosa São Paulo, um símbolo com 6% do eleitorado do país.
Perderam os que superestimaram e apostaram em efeitos imediatos do julgamento no Supremo Tribunal Federal.
O chamado "mensalão" é um conjunto de fatos objetivos. De fatos graves, ou gravíssimos.
Mas não funcionou magnificar o "mensalão" ainda mais. Não funcionou fazer de conta que o "mensalão" é caso único e isolado na vida político-partidária brasileira.
O Brasil tem hoje 80 milhões de usuários na internet e 50 milhões usam redes sociais no cotidiano. Portanto, milhões e milhões de pessoas ouvem falar de outros escândalos, alguns monumentais. Esses escândalos não chegam às manchetes. Muitas vezes mal são noticiados, ou, nem são noticiados na chamada grande mídia. É como se tais escândalos não existissem.
Talvez por isso, mesmo com a gravidade do caso "mensalão", 20% dos eleitores do Brasil se abstiveram; em São Paulo, incluídos os nulos, o número bate nos 30%.
É muito, pode ser mesmo significativo de algo, mas quem é do ramo, como José Roberto de Toledo, de O Estado de S.Paulo, recomenda cautela: tais números precisam ser revistos à luz de uma atualização de cadastros; entre mortos e etc., a conta pode não ser exatamente esta.
Mas, fato objetivo, o "mensalão" não deu a vitória para quem se valeu do julgamento como arma e discurso principal na campanha.
O porque desse descompasso entre uma causa, "o mensalão", e o que tantos buscaram, os efeitos imediatos, para esta eleição, é coisa para pesquisadores, sociólogos e demais "ólogos". Mas cabem alguns raciocínios mais simples.
Por exemplo: das 5.556 cidades do Brasil, 70% têm menos de 20 mil habitantes (com 17% do eleitorado). Seus moradores, portanto, conhecem, sabem "quem leva" e "quem não leva". E sabem que o "levar" é, infelizmente, multipartidário.
O mesmo sabem moradores de milhares de cidades com dimensões que ainda permitem saber quem é quem. Ou, "quem leva" e "quem não leva". Talvez por isso o ex-governador de São Paulo Claudio Lembo (PSD) – que não é um perigoso esquerdista – tenha feito uma importante, intrigante pergunta depois da eleição:
- Os brasileiros estão afastados dos valores éticos, ou os eleitores se consideraram manipulados pelos mecanismos (os meios) de informação?
Diante do que se viu, se leu e se ouviu antes e durante as eleições, cabe uma constatação: em muitas porções do Brasil, e mais uma vez, a opinião pública derrotou a opinião publicada.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

No segundo turno, PT ganha e governará cidades com 27,6 milhões de eleitores e R$ 76,2 bi de orçamento




Por Emanuel Neri
Concluído o segundo turno da eleição municipal de 2012, no último domingo (28/10), o PT foi o partido que saiu mais uma vez na frente. Vai governar cidades com 27,6 milhões de eleitores  - que têm  20% do eleitorado do país.
Embora tenha perdido em algumas capitais importantes – como Salvador e Fortaleza – o PT ganhou São Paulo que, sozinha, tem 8,6 milhões de eleitores e é a maior e mais rica cidade do país. O PT elegeu 636 prefeitos no país - foi um dos poucos partidos a crescer em relação a 2008.
Se você levar em consideração só os votos do segundo turno, o PT também saiu na frente. Obteve 6,99 milhões de votos nas cidades em que disputou a prefeitura. Foi seguido, por uma certa distância, pelo PSDB, com 5,64 milhões de votos; PMDB, 1,95 mihão; e PDT, 1,55 milhão. Os demais partidos tiveram menos votos.
O PT não é o partido que elegeu maior número de prefeitos – este posto ficou com o PMDB, que elegeu 1.032. Ocorre que boa parte das prefeituras em que o PT ganhou são de grande porte, com população acima de 200 mil eleitores.
Além de governar o maior número de eleitores, o PT também vai administrar a maior parte das receitas orçamentárias dos municípios, com R$ 76,2 bilhões.
Já o PMDB vai administrar o segundo maior número de eleitores, com 22,8 milhões – elegeu 1.032 prefeitos. O PSDB vem em seguida – administrará 18,4 milhões, em 702 cidades. O orçamento dos dois partidos também é menor.
Caberá ao PMDB – elegeu o prefeito do Rio, segunda maior cidade do país – administrar orçamento de R$ 61,5 bilhões. O PSDB vai administrar R$ 39,7 bilhões. O PSB governará 15,3 milhões de eleitores e orçamento de  R$ 36,9 bilhões.
Já o PSD vai governar 8,7 milhões de eleitores, com orçamento de R$ 20,6 bilhões, enquanto o PDT – que conquistou Porto Alegre, Curitiba e Natal – também governará 8,7 milhões de eleitores – orçamento de R$ 24,2 bilhões.
Vêm em seguida o PP (7,3 milhões de eleitores e R$ 16,6 bilhões de orçamento), tendo na sequência DEM (6,4 milhões e R$ 13 bilhões), PR (4,6 milhões e R$ 9,3 bilhões) e PTB (4,1 milhões e R$ 9 bilhões de orçamento).
De todos os partidos que elegeram prefeitos, o PSOL – que ganhou uma única cidade, Macapá – administrará apenas 300 mil eleitores, e R$ 400 milhões de orçamento. Na frente do PSOL, pela ordem, estão PPS, PV, PC do B, PSV e PRB.
Com a vitória de Fernando Haddad em São Paulo (foto de comemorações), o PT sai  fortalecido para 2014, quando também tentará desalojar o PSDB do governo estadual. Nas 68 cidades em que ganhou, vai administrar 45,21% do eleitorado paulista.
Vejam esta diferença: o PSDB paulista até elegeu maior número de prefeitos -176 cidades, mas administrará apenas 19,39% dos eleitores do Estado. É que as prefeituras que o PT ganhou, em sua maioria, são de grandes cidades.
Além de São Paulo, o PT ganhou Guarulhos, segunda maior cidade do Estado, e grande parte dos grandes munícipios da região metropolitana. Por este motivo, esta região passou a ser chamada de “cinturão vermelho” paulista.
A grande expectativa agora é saber se o PT vai consegui, em 2014, desalojar os tucanos do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo local, onde estão há mais de 20 anos. Se isso ocorrer, o PSDB sofrerá grande definhamento eleitoral.
Veja, a seguir, link com reportagem sobre desempenho dos partidos nas eleições municipais.
  

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

PT sai das urnas como o partido mais votado do Brasil, com 17,2 milhões de votos; segundo turno é domingo



Por Emanuel Neri
O Brasil volta às urnas neste domingo, 28 de outubro, para eleger prefeitos de 50 cidades. São disputas em municípios, com mais de 200 mil eleitores, que não conseguiram eleger seus prefeitos no primeiro turno da eleição.
A lei determina que, nestas cidades, ganha quem tiver mais de 50% dos votos. Se este quórum não for obtido por nenhum candidato, haverá segundo turno entre os dois mais votados –e aí ganha quem receber maior número de votos.
Embora a eleição municipal só seja concluída neste domingo, já dá para saber quem ganhou a eleição. Esta conta pode ser feita de várias formas, mas, em todas elas, o PT foi que mais se destacou na eleição de 7 de outubro.
O cálculo mais correto para saber quem saiu vitorioso das urnas é o número de votos obtidos por cada partido. No primeiro turno desta eleição, o PT obteve 17,2 milhões de votos – 16,7% do total de 102,6 milhões de votos válidos em todo o Brasil.
Em seguida, vem PMDB, com 16,6 milhões de votos; PSDB (13,9 milhões), PSB  (8,6 milhões), PDT (6,2 milhões) e PSD (5,8 milhões). Com exceção de PT e PSB, todos estes partidos tiveram menos votos em 2012 do que em 2008.
No caso do PSD, a conta tem que ser diferente, pois este partido não existia em 2008 – foi criado no ano passado, herdando prefeitos que foram eleitos por outros partidos, em especial pelo DEM. Outros partidos tiveram menos votos.
No caso do número de prefeito eleitos, PT e PSB se destacam mais do que os demais partidos. O PT elegeu 626 prefeitos – em 2008 elegeu 558. O PSB, 434, contra 310 em 2008. O PMDB ainda é o que tem mais prefeitos no Brasil.
Mas o PMDB, como outros partidos, elegeram menos prefeitos em 2012 do que em 2008. No PMDB, foram eleitos 1.020 prefeitos, contra 1.204 em 2008. O PSDB elegeu 691 este ano contra 791 quatro anos antes. O PSD elegeu 493, seguido do PP (554 contra 466) e o DEM, com 495 em 2008 e só 276 agora.
Mais uma vez tem que ser relativizado o número de prefeitos eleitos pelo PSD. Ao ser criado, em 2011, o PSD herdou principalmente prefeitos que foram eleitos em 2008 pelo DEM – por isso, o DEM quase acaba, elegeu só 276.
Para as Câmaras Municipais,  o PT também sai na frente, pois cresceu em relação a 2008, elegendo 5.164 vereadores contra 4.164 quatro anos atrás. O PMDB tem mais vereadores - 7.964, mas menos que em 2008, eleitos 8.463.
O PSDB também perdeu vereadores entre 2008 e 2012 – caindo de 5.890 para 5.248. O PP caiu de 5.117 para 4.929 - o PSD elegeu 4.663 vereadores.
O mapa eleitoral do Brasil ainda pode sofrer alterações no próximo domingo, com a eleição em segundo turno. Mas também aí o PT deve sair vitorioso. Só em São Paulo, com mais de 8 milhões de eleitores, este partido deve ganhar.
O PT é o partido que mais disputa segundo turno nas eleições deste domingo. Em São Paulo, o PT deve ganhar ainda Guarulhos, segunda maior cidade paulsita, e tem chances em Campinas, a terceira maior. Deve ganhar ainda em outras capitais.
Com estas prováveis vitórias, o PT deve se consolidar como o maior partido do Brasil.
Veja, abaixo, pela ordem, o número de votos dos 15 maiores partidos do Brasil, na eleição do último dia 7 de outubro:
PT 17.198.959
PMDB 16.659.014
PSDB 13.894.950
PSB 8.610.940
PDT 6.248.840
PSD 5.805.132
PP 5.378.716
DEM 4.525.831
PTB 4.005.436
PR 3.760.928
PRB 2.524.452
PPS 2.449.650
PSOL 2.387.745
PV 2.132.701
PC do B 1.870.797

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Cotas e Prouni facilitam acesso de estudantes negros a universidades do país; já são 12,8 milhões de jovens



Por Emanuel Neri
O Brasil está fazendo uma verdadeira revolução na inclusão de negros e pardos nas universidades do país. Entre 1997 e 2011, o número de afrodescendentes  nas universidades pulou de 4% para 19,8% da população.
Isso significa que quintuplicou a presença de negros e pardos que cursam ou já concluíram curso superior nas nossas universidades. O total destes jovens nas universidades brasileiras é de 12,8 milhões, com idade entre 18 e 24 anos.
No último domingo, o jornalista Élio Gaspari tratou deste tema em artigo na Folha de S. Paulo. Para se ter uma ideia deste avanço brasileiro, o Brasil já tem mais estudantes negros nas universidades do que os Estados Unidos.
Nos Estados Unidos, 13,8% de estudantes negros estão matriculados nas universidades daquele país. A população negra e parda do Brasil representa  de 50,6% da nossa população, enquanto nos Estados Unidos é de 13%.
Esta ascensão da população negra é atribuída às políticas de ação afirmativa adotadas nos últimos anos pelo governo Lula, como as cotas para negros e pardos nas unversidades. O Prouni também foi importante nesta inclusão.
Criado há seis anos, o Prouni – que dá bolsas de estudos a estudantes pobres em universidades particulares – já levou para os cursos superiores mais de 1 milhão de jovens brasileiros – 265 mil deles já concluíram seus estudos.
Se não fosse o Prouni, estes estudantes jamais teriam condições de entrar em universidades. O Prouni foi criado durante a gestão de Fernando Haddad – que disputa a Prefeitura de São Paulo pelo PT – no Ministério da Educação.
Com o Prouni,  qualquer jovem de baixa renda pode concorrer a bolsas de estudo em universidades particulares. Basta fazer as provas do Enem –ou os vestibulares destas universidades – e requerer a bolsa ao Ministério da Educação.
As bolsas nestas universidades são para qualquer tipo de curso. Mas tem que haver disponibilidade de vagas nos cursos. Um curso de Medicina, por exemplo, custa mais de R$ 2 mil mensais - e tudo pode ser custeado pela bolsa do Prouni.
Além das cotas em universidades para negros e pardos, como também o Prouni, também pesou nesta inserção dos negros o restabelecimento do valor da moeda brasileira, ocorrida no governo Fernando Henrique (1995-2001).
Durante séculos, a população negra brasileira, com raras exceções, não teve oportunidades de chegar às universidades. Agora a história está mudando. As políticas de cotas e o Prouni são formas de reparar esta injustiça histórica no Brasil.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Perplexidade em São Miguel do Gostoso. Ladrão foge com dinheiro do padroeiro e se esconde em quintal



Por Emanuel Neri
A expressão correta é "seria cômico se não fosse trágico". Em São Miguel do Gostoso, esta expressão pode ser dita ao contrário – "seria trágico se não fosse cômico" -, para explicar mais uma ocorrência de insegurança na cidade.
Na noite do último sábado, durante a festa do padroeiro, São Miguel, praia da Xepa,  ladrão aproveitou-se de um descuido e se apoderou de bolsa em que senhoras guardavam o dinheiro do leilão e da barraca da festa. Por sorte, o padre já tinha guardado parte do dinheiro.
Foi um Deus nos acuda. Todos ficaram perplexos com tamanha ousadia.
O ladrão saiu correndo no meio da festa e tentou sumir pela beira da praia. Mas policiais e outras pessoas saíram em seu encalço. Ao ver que estava sendo perseguido, o ladrão pulou cercas e muros e foi se esconder em um terreno das proximidades.
Era pouco mais da meia-noite quando a polícia conseguiu encontrar o ladrão, que estava debaixo de bananeiras, em um quintal de uma casa das proximidades da praia da Xepa. Preso, disse que tinha enterrado o dinheiro. Mas não sabia o local.
A trapalhada do ladrão da festa de São Miguel é apenas uma ocorrência a mais da onda de insegurança que tem ocorrido na cidade. Há pouco menos de um mês, um assalto ocorreu, em plena luz do dia, em uma pousada da cidade.
Uma caminhonete foi levada, além de eletrodomésticos. Quando a polícia chegou, os ladrões já haviam fugido. Alguns dias depois, a polícia encontrou a  caminhonete, mas não se tem informação sobre a prisão dos ladrões.
A polícia de São Miguel do Gostoso tem feito muito pouco para controlar a onda de insegurança na cidade. Faltam viaturas e maior número de policiais. O governo estadual não dá a menor importância para a segurança da cidade.
Empreendedores locais – principalmente donos de pousadas – têm se organizado para enfrentar esta situação. Uma série de iniciativas tem sido adotada, mas ainda falta muito para que a cidade seja realmente segura.
Além da omissão do governo do Estado, a Prefeitura também peca por não enfrentar de frente o problema de segurança pública. Nesta luta é importante exigir direitos, mas também é fundamental que deveres sejam cumpridos.
A respeito da organização da sociedade local para enfrentar a onda de insegurança pública na cidade, Ruy Mazurek, presidente da AEGostoso (Associação de Empreendedores de São Miguel do Gostoso), escreveu o texto abaixo:  

“É importante que cada um faça a sua parte, para que consigamos frear esta escalada da criminalidade em Gostoso. 
Temos que nos articular, dentre outras ações, para dar prosseguimento às reuniões do Comitê de Segurança Cidadã, que foi criado pela iniciativa da AEGostoso e na reunião em que foi criado, tanto o Prefeito, a Câmara dos Vereadores e o responsável pela nossa Polícia Militar, prometeram apoio.  O apoio solicitado era o de comparecerem às reuniões do recém formado Comitê.  Infelizmente, a presença destes três agentes nas reuniões que quinzenalmente eram feitas pelos membros do Comitê, não aconteceu.  Mesmo assim, dado o altruísmo de alguns membros do Comitê, as reuniões aconteceram e algumas ações foram projetadas, mas algumas ainda não foram implementadas, por diversas razões...
O ditado popular fala que “a reconstrução começa quando a casa cai”.  Não precisamos deixar a casa cair para iniciarmos uma “revolução” em Gostoso.  Entenda-se como revolução, as ações que podemos empreender como pessoas físicas e como pessoas jurídicas.  Ações que podemos

tomar dentro do nosso quintal, dentro do nosso domínio e que, se tomadas, serão sentidas de forma positiva por aqueles que convivem ao nosso redor.
Mensagem de um empreendedor que já foi vítima desta insegurança, aborda um assunto muito importante : “Já ouvi dizer que os empresários que vieram investir aqui, querem fazer do nativo um escravo! Por isso não há apoio da prefeitura!”. 
Uma das barbáries que alguns cometem e não é privilégio ou somente os que vêm de fora fazem, é o fato de pagarem valores inferiores ao salário mínimo para os seus funcionários.  É pra parar e refletir.  Quem pratica isto, está incentivando um desvio de conduta, literalmente dando um tiro no pé e assim, não temos como exigir os nossos direitos como cidadão. A Prefeitura de sua parte, deveria fazer o papel pressionador para que todos contribuam de forma correta com os seus deveres, recolhendo os impostos que entram diretamente no caixa da Prefeitura e fiscalizar aqueles impostos que são recolhidos para o Estado, como é o caso do Simples Nacional e outros mais.  Nestes casos, se cada Prefeitura fizesse este papel, mais impostos seriam arrecadados e mais dinheiro seria repassado pelo Governo Federal para as Prefeituras.  A contra-partida que a Prefeitura daria seriam os serviços que hoje, muitos deles, sequer são oferecidos para a população em geral.  Talvez, não cobrar seja a melhor postura para os nossos governantes, pois desta forma, eles não serão cobrados por aquilo que deixaram de fazer.  Infelizmente é uma realidade em que vivemos.
Num país como o nosso, onde a política do Gerson (ex jogador de futebol), que é a de “levar vantagem em tudo”, esta política é seguida à risca por muitos, pode parecer que estamos longe de conseguir viver ainda na nossa geração, em um Brasil melhor, mas podemos fazer este mundo ser melhor, começando em nossa casa, aonde temos o domínio e podemos fazer.
Sou otimista e penso sempre que dias melhores virão, mas precisamos nos articular para exigir os nossos direitos, logicamente arcando com todos os nossos deveres.”

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Jovens de São Miguel do Gostoso são treinados pelo Sebrae para serem novos empreendedores da cidade



Por Emanuel Neri
É sempre bom quando alguma entidade toma a frente de iniciativas que trazem benefícios para São Miguel do Gostoso. Está acontecendo na cidade um curso cujo objetivo é transformar jovens nativos em empreendedores.
A iniciativa é do Sebrae-RN com a Amjus, ong local que trabalha com jovens. São 35 jovens que estão sendo submetidos a um longo treinamento – só termina em 2015 – que vão aprender a definir suas próprias vidas.
Todos eles estão recebendo treinamento para serem pessoas mais comprometidas, responsáveis e motivadas. E isso vale tanto para a vida profissional como a social. A vida destes jovens vai mudar com este curso.
Os jovens vão aprender de tudo que é importante para a firmação de seus futuros: auto-estima, valores, atitudes, respeito mútuo, liderança, importância da hierarquia, respeito a normas e regras, além e outros valores.
Estes jovens estão divididos em cinco grupos – cada um conta com sete integrantes. Estes grupos participarão de gincana que vai distribuir sete bicicletas à equipe vencedora. A premiação será no dia 6 de novembro.
Pousadas e outros empreendedores locais contribuíram com as bicicletas que premiarão estes jovens. Doaram bicicletas as pousadas Ponteiros, Curva do Sol, Só Alegria e Mi Secreto, além do Spaço Mix, Passeios Gostoso e MGNet.
Abaixo, artigo de Heldene Santos, coordenador da Amjus, sobre este importante projeto.
"Enquanto muita gente vê nos jovens possibilidades de serem delinquentes e drogados,  a AMJUS ver potenciais de desenvolvimento para o qual o que falta são oportunidades. Nosso primeiro princípio não é atuar para tirar meninos da droga ou da prostituição, mas articular espaços de direitos para que as crianças, os adolescentes, os jovens canalizem suas potencialidades para seu próprio bem. O que vem depois é consequência disso.
Não compartilhamos do discurso de fazer projetos para os jovens coitadinhos, que estão sob risco social, mas sim, de projetos para jovens com potenciais que querem ter a oportunidade de se incluírem e construírem. Buscamos chegar até o SEBRAE com essa proposta.
Ruy (da Pousada Casa de Taipa) foi a pessoa que nos ligou ao Sebrae e que trouxe até nós a gerente do Sebrae, Sandra Marinho, e a gestora de responsabilidade social Tatiana Andrade, para as quais lançamos a tal proposta.
Sabemos que, embora São Miguel do Gostoso, seja tratada hoje como um referencial turístico, nosso turismo não é popularizado e seus benefícios tem chegado diretamente àqueles que já têm dinheiro para empreender. Para a massa de nativos resta muito pouca coisa, inclusive a própria capacitação técnica para isso.
Temporariamente, ocorrem alguns cursos de curta duração. O órgão responsável vem, aplica o curso, entrega o certificado e vai embora, ficando ao cursista apenas o Certificado, além de um critério muito comum que é o de "já está atuando na área", muitas vezes.

A nossa proposta foi diferente desta vez! 
Tínhamos o potencial turístico da cidade, o jovem com potencial, a ONG para coordenar núcleo de cerca de 20 jovens e precisávamos de capacitação. Agora não só um ou mais alguns cursos com certificados e ir embora, porque isso já tínhamos, mas um Programa de Formação Continuada, com fase de preparação, de execução e monitoramento, e de consultoria, até que houvesse, daquele meio, novos empreendedores em São Miguel do Gostoso.
Sabíamos do desafio que teríamos, mas alguém tem que arriscar!
O Sebrae topou na hora!
Assim divulgamos nas escolas e nas redes sociais -os interessados se inscreveram e criamos o Núcleo de Agente Jovem Empreendedor, hoje com 35 jovens, com idade entre 14 e 19 anos.
Logo o Sebrae iniciou com sua parte. Os jovens começaram a ser atendidos pelo Projeto Responsabilidade Social & Negócios do Sebrae, alinhando a partir desse momento a metodologia do Sebrae com a metodologia da AMJUS, de promoção da participação social dos jovens. O primeiro momento do Projeto foi uma fase de preparação. Nos primeiros três meses, o núcleo teve oficinas de Auto-Motivação, Trabalho em Equipe e Iniciação Empreendedora. Depois, houve formação sobre como gerir uma pequena empresa, inclusive com prática de vendas.
Paralelamente às oficinas de formação, também vem sendo realizado a Gincana Empreendedora. Na gincana, com duração de 10 semanas, os jovens recebem desafios, dentro dos temas empreendedorismo, sustentabilidade e história de São Miguel do Gostoso. São  organizados em 5 equipes de 7 membros. Cada desafio tem uma pontuação que é somada e, no final, a equipe que contar com o maior número de pontos será a vencedora. Seus membros ganharão um kit com sete bicicletas de 21 marchas -uma bicicleta para cada membro desta equipe."

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Grupo derrotado em São Miguel do Gostoso perde também a cabeça, faz ameaças e baderna na cidade



Por Emanuel Neri

A oposição de São Miguel do Gostoso precisa aprender a ganhar e a perder eleições. Desde a tarde do último domingo, quando as urnas deram vitória a Fátima Dantas (PMDB), uma série de arruaças têm ocorrido na cidade.
No mesmo domingo à noite, um grupo ligado ao candidato José Renato ameaçou invadir à delegacia local, num ato irresponsável e de pura baderna. Foi preciso o delegado solicitar reforço policial, para que a situação pudesse ser controlada.
Partidários do candidato da oposição inventaram uma história maluca de que integrantes da situação tinham escondido urnas na delegacia local. Por pouco não aconteceu uma tragédia de maiores consequências.
Por causa da situação tensa do domingo à noite, com ameaças de brigas em vários pontos da cidade, o grupo que ganhou a eleição fez uma rápida comemoração e decidiu fazer uma passeata para comemorar só na noite da segunda-feira.
Pois esta comemoração do dia seguinte por pouco também não acaba em tragédia. Ao passar diante de uma padaria, no bairro do Maceió, participantes da passeata foram agredidos. A ex-vereadora Lourdinha foi agredida e saiu ferida.
O proprietário da padaria, apoiado por seus filhos, simplesmente não queria que a passeata passasse na rua, diante de seu estabelecimento. Foi necessário o bom senso do grupo que festejava a vitória para evitar uma briga generalizada.
Esta é a primeira vez que a disputa eleitoral em São Miguel do Gostoso chega a radicalismos extremos. Nas últimas eleições, Paulo Roberto – agora vice de Fátima – perdeu duas vezes seguidas, mas jamais apelou para a violência.
Nos dias anteriores à eleição já havia sinais de descontrole e radicalismo da oposição. Para criar um fato político de última hora, o candidato da oposição espalhou que estava sendo ameaçado de morte. O que se seguiu foi ridículo.
O candidato mudou de casa e se hospedou em uma pousada da cidade. Segundo pessoas que o viram passar nas ruas, ele usava colete à prova de bala e tinha seus passos seguidos por seguranças armados. Quem viu achou a cena patética.
Tudo foi feito para criar impacto na cidade, levantar suspeitas sobre a campanha adversária e ganhar alguns votinhos de última hora. A armação  acabou não dando certo, até porque não havia nenhuma ameaça de morte ao candidato.
O que este episódio conseguiu provocar foi amedrontar as pessoas e deixar o clima eleitoral da cidade ainda mais tenso. A campanha de Fátima Dantas prestou queixa na Promotoria e Justiça Eleitoral, que vai investigar esta grave ocorrência.
A oposição precisa aprender que eleição não se ganha nem no grito nem na porrada. Agora imagine qual seria o futuro de São Miguel do Gostoso caso este grupo tivesse saído vitorioso. Seguramente haveria perseguições a adversários.
Esta é mais uma prova de que o grupo liderado por José Renato não estava preparado para administrar a cidade. Durante a campanha, houve momentos de tensões – no distrito da Baixinha, uma carreata foi atacada por aliados da oposição.
O que este grupo que queria chegar ao poder de São Miguel do Gostoso precisa entender é que eleição não é guerra. Há métodos bem mais civilizados para se disputar o voto, sem que haja ameaça a adversários e intimidação do eleitor.
Felizmente, apesar de todos estes riscos e ameaças, a eleição de São Miguel do Gostoso está chegando ao fim, sem mortes ou feridos com maior gravidade. Mas há muito ódio, rancor e sinais de intolerância deixados pelo meio do caminho.
A oposição precisa pôr a cabeça no lugar e entender que o mundo não acabou simplesmente porque não conseguiu ganhar a eleição.