domingo, 14 de agosto de 2011

O poder de consumo da nova classe média do Brasil



 
Por Emanuel Neri, em São Paulo.

Vejam só que dado interessante. De janeiro a julho deste ano, sete milhões de brasileiros viajaram de avião pela primeira vez.  A pesquisa, feita pelo Instituto Data Popular e divulgada na última semana, em São Paulo, revela ainda que outras sete milhões de pessoas pretendem também viajar de avião, sempre pela primeira vez em suas vidas, nos próximos meses. São 14 milhões de pessoas (três milhões a mais do que a população da cidade de São Paulo, que é de 11 milhões) que estão pondo –ou ainda vão pôr – seus pés pela primeira vez num avião.
O dado, além da sua curiosidade, revela a pujança de consumo da nova classe média brasileira. Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre o início de 2003 e maio de 2011, 48,7 milhões de brasileiros entraram nas classes sociais A, B e C. Somente na classe média, que é onde está concentrada a chamada nova classe média, foram 39,5 milhões de pessoas – isso é quase a população inteira da Argentina, que tem pouco mais de 40 milhões de habitantes. É importante registrar que esta ascensão social no Brasil ocorreu durante o governo Lula (2003/2010).
A pesquisa do Data Popular revela ainda que as famílias desta nova classe média –renda média de R$ 1.300 por mês – não quer só viajar de avião. Ela quer acesso a outros bens e serviços que não tinha antes, como roupas modernas, salões de beleza, eletrodomésticos e Internet. Metade das mulheres da nova classe média vai a salões de beleza regularmente e 86% dos internautas da classe C (nova classe média) não saberiam viver sem estar conectados na rede de Internet. E mais: seis em cada dez brasileiros que acessam a Internet são da nova classe média.
A ascensão social no Brasil fez com que a classe média já represente 52% da população do país –em torno de 100 milhões dos mais de 190 milhões de brasileiros.  O crescimento da renda do brasileiro também contribuiu para o que pesquisadores vêm chamando de “o maior fenômeno sociológico no Brasil”. Segundo a FGV, entre 2003 e 2009, a renda da população brasileira cresceu 4,71%, o que representa 1,83 ponto percentual a mais do que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) - que é a soma de toda a riqueza do país -, que foi de 2,88%, em média, no mesmo período.

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